Procurei abaixo fazer um resumo simplificado de um artigo belíssimo de Dennis Overbye que foi publicado no New York Times sobre a criação do Universo (que, aliás, recomendo ser lido integralmente):
Uma questão que desafia a mente dos cientistas é a origem do universo. Chegou-se ao Big Bang, com relativo sucesso e comprovação. Mas empacaram na constatação de que no universo a temperatura da radiação cósmica é a mesma em qualquer direção que se olhe. Ora, no modelo antigo de Big Bang não haveria tempo suficiente no início do universo para que o calor fluísse de uma região pra outra. Então se tem estudado formas de representar a realidade atual do universo e a mais aceita atualmente é a teoria do universo inflacionário.
Nesta teoria o universo não teria um começo definido, justamente porque não teve um Big Bang, e sim vários, indefinidamente, como uma bolha criando outras, e onde cada bolha seria um novo Big Bang, um novo universo com diferentes características e talvez até mesmo com diferentes dimensões. O nosso universo seria meramente um dentre vários.
“Caso se inicie, esse processo pode prosseguir para sempre”, explica o cosmólogo Linde. “Ele pode ocorrer neste momento, em alguma parte do universo”. O maior dos universos concebidos pela inflação eterna é tão inimaginavelmente grande, caótico e variado que a questão da sua origem se torna quase que irrelevante.

A explicação para a origem do universo estaria no Princípio da incerteza da física quântica, onde o espaço vazio nunca pode ser considerado como sendo realmente vazio. Então o universo poderia ser resultado de uma flutuação quântica no “nada” primordial. A equação Wheeler-De Witt procura englobar todos os universos possíveis: Aqueles que existem por apenas cinco minutos, antes de virarem buracos negros; os que existem por toda a eternidade; aqueles cheios de vida; os que são completamente desertos. Os físicos chamam esse agrupamento de “superespaço”.
Isso dá margem a mais uma das grandes questões: Já que ninguém pode sair do universo, quem o estaria observando?
Wheeler sugere que uma resposta para essa questão seria afirmar que os observadores seríamos nós mesmos, agindo por meio de uma observação mecânico-quântica. “O passado é teoria”, escreveu o cientista. “Ele não possui existência, exceto nos registros do presente. Nós somos participantes, no nível microscópico, da confecção do passado, bem como do presente e do futuro”. De fato, a resposta de Wheeler para Santo Agostinho é que nós, coletivamente, somos Deus, e estamos incessantemente criando o universo.
Mas um outro mistério embutido na equação Wheeler-De Witt é o fato de ela não fazer menção ao tempo. No superespaço, tudo ocorre uma vez e definitivamente, o que leva alguns físicos a questionar o papel do tempo nas leis fundamentais da natureza. Julian Barbour, um físico independente que foi aluno de Einstein na Inglaterra, argumenta que o universo consiste de uma pilha de momentos, como cartas de um baralho, que podem ser embaralhados e reembaralhados de forma arbitrária, de forma a fornecer a ilusão de que existe tempo e história. O Big Bang seria apenas uma outra carta no baralho, juntamente com todos os outros momentos. Um passado eterno do universo.
“A imortalidade está aqui“, escreve ele no livro “O Fim do Tempo”: “A nossa tarefa é reconhecê-la“.
Essa idéia do tempo simultâneo é a mesma de quando um Buda atinge a iluminação: Não há passado, presente ou futuro. O Buda pode ver o “superespaço”, ele está fora da Matrix. É aí que a ciência falha, porque simplesmente não pode conceber que alguém possa fazer isso. A criação de universos paralelos seria como múltiplos Big Bangs, que acontecem esporadicamente, em planos diferentes. Cada plano com suas respectivas dimensões (como na animação acima). Altura, largura, profundidade e, talvez, o tempo. Ora, o tempo para nós, humanos, é uma sucessão de eventos. Na física já está provado que o tempo se estica com a velocidade, passando mais devagar. A teoria dos gêmeos de Einstein (ver este post) demonstra bem isso. Então, como podem notar, a certeza sobre o que é “tempo” nos outros planos não pode ter como base a nossa idéia de tempo.
Referência:
Saindo da Matrix: Tempo;
Saindo da Matrix: BBC: Universos Paralelos;
Saindo da Matrix: Universos Paralelos comprovados;
Saindo da Matrix: Multiversos: E nós nisso tudo?;
Fluxo Escuro: Universos paralelos?;
Saindo da Matrix: Nosso Universo é uma Matrix?;
Saindo da Matrix: Arquivos Akáshicos;
Saindo da Matrix: Modelo de Universo