RELACIONAMENTOS CIRCULARES

Ultimamente andei desenvolvendo uma linha de raciocínio em relação aos relacionamentos, que teve por base o diálogo final do filme Waking Life. Se a nossa evolução poderia ser comparada a uma espiral, onde estamos circulando o tempo todo o objetivo principal (espiritual), mas sempre rumando para o centro, rumando para a gradativa identificação com a Unidade (o Todo). Mas, muitas vezes devido às circunstâncias e a personalidade das pessoas envolvidas, ficamos estacionados numa órbita, em looping, como um elétron em volta do átomo, ou, como uma roda. Se formos pesquisar na mitologia, a roda está sempre relacionada ao destino dos homens, seja na Grécia, com as deusas moiras, na religião budista e hindu, com a roda de Samsara, na adoção da bandeira da Índia ou mesmo nos contos de fadas. Nesta roda da vida repetimos situações e reencontramos as mesmas pessoas de nosso círculo de afinidades, fazendo as mesmas coisas existência após existência, e se contentando (ou não) com os mesmos resultados… Se formos fazer a analogia dos elétrons ao redor do átomo, para avançar em direção a órbitais mais próximas da unificação (átomo) precisaríamos dar um “salto quântico” (que seria nossa mudança de atitude). Só que, quando os elétrons recebem energia, saltam para a órbita imediatamente mais externa, e para retornar à sua órbita original precisam emitir a energia recebida na forma de fótons (luz), energia radiante, energia eletro-magnética, etc (dependendo da substância emissora). O paralelo que se faz com a espiritualidade é que é preciso perder (doar) pra poder ganhar…

O mais interessante é que também Yubertson Miranda, na lista Voadores, andou matutando nas mesmas questões e chegou a conclusões parecidas:

roda da vida circulo

Saudações REENCARNACIONISTAS a todos os Voadores!!

Dificilmente eu sinto que estou começando uma relação / amizade nova, com uma pessoa que nunca vi em tempos pretéritos. Fico até brincando comigo mesmo, silenciosamente, falando: “Puxa, quando é que vou conhecer alguém realmente novo, tendo uma amizade realmente nova?!?” rsrs

As amizades que tenho construído nesta atual encarnação, na verdade, estão sendo é continuadas…

Em questão de relacionamento amoroso, então, vixe! Nem se fala…

Porém, eu percebo um incômodo interno, uma sensação diferente em mim quando eu e a pessoa nos enveredamos para a REPETIÇÃO. Sinto isso. E essa sensação foi ficando mais clara a cada ano.

Não sei se concordam comigo mas, pra mim, NA GRANDE MAIORIA DAS VEZES, quando conhecemos alguém e há aquela possibilidade de um romance, de um caso, de um namoro, enfim, de um envolvimento um pouco mais “sério” do que o casual, acho FUNDAMENTAL observarmos os detalhes deste encontro, o teor das conversas, a abordagem e reação de um para com o outro, a fase em que estamos vivendo.

Por que observar tudo isso??

Porque todos esses detalhes podem nos revelar o ponto, a fase e a dinâmica interpessoal onde paramos na última existência em que nos relacionamos, em que houve um envolvimento maior do que o casual entre nós.

É impressionante… Se observamos os primeiros dias, e, principalmente, o primeiro encontro: as conversas, os olhares, as reações, os sentimentos, as aversões, os pensamentos, as idéias fixas que nos martelam naqueles instantes do encontro (reencontro) que parecem não nos deixar, não nos largar, enfim, tudo isso, MOSTRA pra gente MUITA coisa em nosso vínculo com tal pessoa e, PRINCIPALMENTE, o ponto onde chegamos numa existência pretérita.

É a partir daí que tudo pode tomar um novo rumo, um novo seguimento. OU a MESMÍSSIMA HISTÓRIA de outrora CONTINUAR SE REPETINDO…

São nesses instantes e primeiros encontros que a ENCRUZILHADA se escancara.

O bonito é identificar essa ENCRUZILHADA e podermos fazer uma outra escolha, atingirmos níveis em nossa troca com a outra pessoa que não atingimos no passado. É o momento decisivo de reescrevermos novas linhas, novos parágrafos, novos capítulos no que vem se repetindo a eras… E é tão difícil fazer essas novas escolhas… Dar esse novo seguimento à história que tivemos e vivemos agarrados, presos, enfim, repetindo pra caramba com a outra pessoa…

Se nós conseguíssemos ter maior clareza dessa ENCRUZILHADA, do que vivemos antes e do que podemos viver de hoje em diante, não ficaríamos repetindo tanto uma mesma ladainha, um mesmo nível de sentimento, um mesmo grau de troca com a outra pessoa e, obviamente, não teimaríamos em repetir tanto certos apegos, sofrimentos, alegrias que já não estão mais disponíveis, já não fazem mais sentido de se repetirem…

Mas é MUITO difícil tomar esse novo rumo, dar esse novo seguimento ao vínculo, à relação, à troca e ao compartilhar com outra pessoa. Vencer o peso do ímã do passado, do modo como nos relacionamos no passado é algo MUITO difícil… Parece que a agulha da bússola desse vínculo fica teimosamente pendendo para aquele nível de troca, para aquela direção já mofada de tanto ser repetida durante taaaaanto tempo…

Experimentem essa observação e essa ampla percepção aos momentos iniciais do (re) encontro e fiquem antenados para o surgimento da ENCRUZILHADA. É aí q está o nosso poder de escolha, de tomar uma nova decisão.

Mas é JUSTAMENTE nesse momento que toda a força de nossos hábitos, apegos, laços, sentimentos, emoções e vícios de outrora estão mais fortemente presentes, como a nos empurrar a repetir, repetir, repetir, repetir, repetir um mesmo estilo de vínculo, uma mesma forma de relação, um mesmo nível de intercâmbio, de laço.

É justamente nessa ENCRUZILHADA que todo o passado se faz presente, implorando por nossa atenção: por nossa repetição. É também neste momento que um novo futuro se apresenta, largo, expansivo, com novas possibilidades de troca, de vínculo, de forma, de maneira de vivermos com tal pessoa.

Se não quisermos prestar atenção, sermos receptivos a todos esses detalhes dos primeiros encontros, vale a pena focar em APENAS UM DETALHE. Porém, a nossa sinceridade perante esse ÚNICO detalhe É TUDO! Se formos sinceros a este ÚNICO DETALHE a observarmos, poderemos compreender MUUUUITA coisa do vínculo que tínhamos e estamos inclinados a voltar a ter com a outra pessoa.

Que detalhe é este??

O NOSSO PRIMEIRO IMPULSO.

Nosso primeiro IMPULSO é o de trepar com tal pessoa?? Ou é de corrermos léguas dela?? Ou é de darmos colo para tal pessoa?? Ou é de extrema fraternidade?? Ou é de violência: queremos matá-la? Queremos dominá-la?? Queremos controlá-la?? Queremos destruí-la?? Ou queremos nos defender de tudo quanto é maneira desta pessoa, por mais louco que isso seja, já que ela não demonstrou aparentemente nenhum motivo para assim querermos urgentemente nos defender dela??

O PRIMEIRO IMPULSO é revelador.

Vocês se lembram do primeiro encontro que tiveram com esta pessoa que vocês estão pensando nela agora??? Lembram do primeiro impulso diante dela??

Se formos sinceros o suficiente para admitir o que estamos percebendo nesses nossos primeiros impulsos, puxa-vida, podemos ter uma ENORME chance de não cairmos nas mesmas armadilhas, vícios, comportamentos em nosso vínculo com a outra pessoa.

Bom, quis aproveitar uma conversa com um grande amigo meu para compartilhar com vocês essas percepções que venho tendo sobre os vínculos que temos com outras pessoas e a nossa maneira de perpetuar um laço e o nível de relação que constantemente tivemos (principalmente o da última vez que nos encontramos em uma encarnação passada).

Pode parecer loucura tudo isso que escrevi. Porém, se experimentarem, se observarem, se forem receptivos(as) a essas experiências práticas diante das outras pessoas, principalmente dos primeiros encontros entre vocês e elas, talvez vocês possam ter respostas reveladoras sobre o laço que as unem no presente… Pelo menos tem sido assim comigo. 😀

Beijos esquisotéricos em todos…
Yub

Referência:
Apometria E Física Quântica;
Mecânica quântica e interpretação na mídia

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0ne
0ne
16 março de 2006 4:48 pm

Este post me lemrou os questionamentos feitos no filme What the bleep do we know transcritos abaixo: Por que continuamos recriando a mesma realidade? Por que continuamos tendo os mesmos relacionamentos? Por que continuamos tendo os mesmos empregos repetidamente? Nesse mar infinito de possibilidades que existem à nossa volta, por que continuamos recriando as mesmas realidades? Não é incrível existirem opções e potenciais que desconhecemos? É possível estarmos tão condicionados à nossa rotina, que compramos a idéia de que não temos controle algum? Fomos condicionados a crer que o mundo externo é mais real que o interno. Na ciência moderna… Read more »

wells
wells
4 julho de 2006 11:57 am

Bom dia, Acid
Achei muito interessante o seu texto e concordo plenamente com tudo. Necessito muito aprender a observar estes pequenos detalhes… rs. Obrigado pelo seu texto

thais
thais
17 junho de 2006 12:57 am

Sincronicidade…

Muito bom ler isso neste momento da minha vida. Andava já pensando nisso e concordo em gênero, numero e grau… Já estou atenta, prestando atenção aos primeiros impulsos…espero sair do movimento circular.
Obrigada! Adorei…

Cris
Cris
26 maio de 2006 2:27 pm

Oi Acid

bem…ainda estou lendo muita coisa aqui no blog. Intenso, não é? Sabe, me deu vontade de conversar com vc, mas não sei se isso funciona assim…acho que vc mantem sua indentidade restrita. Bom, de qualquer forma gostei doq eu li.
Abraços
Cris

Pedro
Pedro
5 maio de 2006 9:08 am

Estou aterrisando por aqui agora. Então primeiro Saudações.

Serão só os relacionamentos circulares? Acredito que circulamos o tempo todo, num exercício infinito para fazer melhor. A questão talvez esteja nos apegos que mantemos quando nos sentimos “confortáveis” em determinadas situações. Aí entra o sistema de crenças, os conceitos e as verdades pessoais. Prestar atenção no primeiro impulso é sim, fundamental e depois da escolha feita, prestar atenção nos impulsos seguintes. A vida é um exercício contínuo de atenções.

Anônimo
Anônimo
26 abril de 2006 5:00 pm

Oi,
é a primeira vez que entro aqui e dou de cara logo com este texto.Sabe aqueles momentos em que tudo oq vc precisava era DISSO? estou passando por uma fase assim e suas palavras me ajudaram muito.Espero retribuir essa luz que tive hoje.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
6 abril de 2006 11:23 am

Bem… pelo menos na física que me ensinaram na escola, quando o elétron se distancia e chega na “bordinha”, ele dá um salto pra borda magnética de outro átomo. E assim vai acumulando experiências, literalmente em outros orbes…
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.”
(João 14:2)

PS: Samir, qual o seu e-mail?

Marco Simiquel
Marco Simiquel
6 abril de 2006 9:39 am

Gostei muito do texto. Serve de base para re-questionar algumas viagens, observações e toques recebidos. Alterando a temática do assunto e passando para um lado evolucional. A evolução se da na perda ou acumulo de energia, necessários aos saltos? Será que a perda o a doação de energia não nos leva ao aprisionamento a uma órbita cada vez menor e mais densa ao redor do núcleo? Aprisionado cada vez mais pela atração, chegando assim a um choque de massa pela perda da órbita, causando a extinção do eu e absorção da energia pela maior massa. Será que isso é evolução?… Read more »

Íris
Íris
17 março de 2006 9:55 pm

Estranha coincidência…
Uma menina desejava ganhar uma bela boneca de presente. No Natal, o presente chegou. No entanto, a avó estranhou a ausência da menina durante a comemoração… foi até o quarto, e encontrou a neta abraçando sua velha boneca de pano:
“O que faz aqui? Você não queria uma boneca nova e mais bonita?”.
“É que aquela boneca é muito linda – respondeu a menina – e todos são capazes de amá-la… e esta não.”

Nega
Nega
17 março de 2006 9:55 pm

CARAMBA!!! QUE SINCRONICIDADE!! Olha que coisa…Tanta escolhas que eu fiz nestes últimos dois dias e mais este texto para completar o meu entendimento. Vou contar minha experiência para vcs: Conheci um professor na Universidade e a 1º vez que o vi me veio um aperto no coração, pois eu já o tinha visto nos meus sonhos, conversando com ele nitidamente. Ele teve a mesma impressão. Depois de 4 anos de pura amizade, estávamos mais unidos, porque ele sabia me compreender. Ele foi embora, mas por “acaso” nos encontramos e eu me confessei apaixonada a muito tempo. Qual não foi minha… Read more »

Íris
Íris
17 março de 2006 2:43 pm

Existe um caminho para o Amor ou para uma relação duradoura, seja amizade ou casamento? Não é o que você faz que realmente importa, mas como se faz. E para felicidade (ou não) de muitas pessoas, o amor só pode ser expresso através da liberdade. Se ele se baseia em condições, é um suborno, uma barganha. Talvez seja fácil vermos a “Imagem Verdadeira” de alguém, principalmente se amarmos esta pessoa. Mas e a nossa própria imagem? Porque é certo que ninguém pode dar o que não possui. O desamor no mundo é fruto do medo – e a maioria das… Read more »

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
17 março de 2006 2:00 pm

Amor… essa palavra virou uma espécie de mantra sagrado depois dos anos 60. All we need is love. Duvidar do “AMOR” (ainda mais com maiúsculas) hoje em dia é heresia, fora de moda. Mas, até onde o que sentimos é verdadeiramente amor? Qual o parâmetro? Existe um ISO-9001 pra padronizar o amor? O que uma menina sente por sua boneca é amor? Se for perguntar pra ela, sim! Um adulto provavelmente dirá que é apenas o sentimento de posse, ou transferência de afeto. Uma extensão do seu ego. Mas, e quando um “adulto” ama, QUEM vai ter autoridade pra dizer… Read more »

Marize
Marize
17 março de 2006 1:48 pm

Eu preciso mostrar isso para os leitores deste espaço:

http://www.themeatrix.com/portuguesep/

Analu
Analu
16 março de 2006 9:00 pm

Este post me lembrou a teoria freudiana do “recordar, repetir e elaborar”. Muitas vezes recordamos, repetimos, mas não elaboramos. Não damos o salto quântico. Nos mantemos apegados a coisas, pessoas e valores, simplesmente porque a transformação é difícil, dolorosa,porque exige esforço de nós mesmos e não do outro.Em geral se formos fundo nas nossas emoções podemos observar que somos mesquinhos, medrosos e muito pouco bondosos.

Shaolin Monk
Shaolin Monk
16 março de 2006 5:28 pm

Quando contemplamos a Imagem Verdadeira da Vida, a estrutura eletrônica e atômica de nosso corpo reforma-se e vibra de acordo. Supondo que aqui seja uma escola (a escola da vida) talvez estamos repetindo por não termos apreendido as lições que devemos compreender. Por outro lado como disse o(a) One, fomos condicionados a agregar certas crenças limitadoras que não nos deixam caminhar livremente. Um exemplo disto é que as pessoas consideradas boas e caridosas, passam constantemente por dificuldades de todas as espécies, e quando são indagadas sobre o motivo de estarem sofrendo, simplesmente dizem que é castigo de Deus. Se não… Read more »

anjo de cristal
anjo de cristal
30 dezembro de 2011 4:28 pm

olá apos ler sua pagina onde voçê de diz que até parece coisa de locura eu teria muito a descrever sobre pessoas que reencontrei nesta vida que fizeram parte de vidas passadas é verdade que a muita pessoa que diz que é locura mais não é não e na hora da verdade ainda dizem que a razão esta do meu lado porque se dão de conta do reconhecimento da matriz que trazem na alma e que aos pocos desperta para a realidade de passados remotos e muito eu teria para descrever sobre este assunto de reencontros na vida atual um… Read more »

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