OS TRÊS PILARES DO DHARMA

Por Joseph Goldstein; A Experiência do Insight – Editora Roca

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Praticar e compreender o Dharma é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte das pessoas está rodando em círculos, levadas pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de Samsara, a roda de avidez e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de avidez, ódio e ilusão tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os Paramis tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.

Há dois tipos de Paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.

O outro tipo de Parami, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, do insight. Ambos os tipos de Paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.

Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis. O primeiro deles é a GENEROSIDADE. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. O Buda disse que se soubéssemos, como ele sabia, qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la. Os resultados kármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.

Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: “Será que eu deveria das ou não? Talvez sejam coisas demais?” E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Dadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.

Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a “consciência induzida”: a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada “consciência não-induzida” e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande Parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.

O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a ABSTENÇÃO MORAL. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos: não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.

  • Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.
  • Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.
  • Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.
  • Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.
  • Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.

A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são karmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas, traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantêm leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.

Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranquila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.

O terceiro campo de atividade purificadora é a MEDITAÇÃO. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo do insight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.

O sábio corrige sua mente inquieta, agitada, ardilosa, não-confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha.

Buda; Dhammapada – verso 33

Tudo é impermanente e está em fluxo, surgindo e passando de momento em momento. A consciência, o objeto, todos os diferentes fatores mentais, o corpo: todos os fenômenos compartilham do fluxo da impermanência. Quando a mente está clara ela experimenta essa mudança incessante a nível microscópico: de instante a instante estamos nascendo e morrendo. Não há nada ao que nos agarrarmos, nada a que nos atarmos. Não devemos nos apegar a nenhum estado mental ou corporal, nenhuma situação externa a nós mesmos, pois tudo esta mudando no momento. O desenvolvimento do insight significa experimentar o fluxo da impermanência dentro de nós de modo que possamos começar a abrir mão, a ceder, não nos agarrando tão desesperadamente aos fenômenos mente-corpo. Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de nos dar qualquer tipo duradouro de felicidade. Se pensarmos que o corpo vai ser a causa da nossa paz, felicidade e alegria permanentes, então não estaremos vendo a decadência inevitável que vai ocorrer. Conforme começamos a ficar velhos e doentes, decadentes e morremos, as pessoas com um forte apego ao corpo experimentarão grande sofrimento. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge. Todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.

Outra característica de toda existência, que pode ser vista com o desenvolvimento do insight e da consciência, é que em todo esse fluxo dos fenômenos não existe algo como um “eu” ou um “self”, um “meu”, ou um “mim”. São apenas fenômenos fluindo, fenômenos vazios, vazios de self, de ego. Não há entidade por trás de tudo que esteja experimentando tudo. O experimentador, o sabedor é, em si mesmo, parte do processo. À medida que o insight é cultivado através da prática da atenção, as três características da existência são reveladas.

O insight é um processo de purificação: quando todas as negatividades em nossa mente tiverem sido vistas, examinadas e finalmente extirpadas, elas não surgem de novo.

Sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. A partir dessa base de pureza surge o insight penetrante na natureza da mente e do corpo. Ao estarmos perfeitamente atentos ao momento, tudo aquilo que foi acumulado em nossas mente começa a subir, emergir. Todos os pensamentos e emoções, toda a malevolência, avidez e desejo, toda a luxúria, todo o amor, toda a energia, toda a confiança e alegria, tudo que está em nossas mentes começa a ser trazido ao nível consciente. E através da prática da atenção, do não agarramento, da não-condenação, não-identificação com coisa alguma, a mente torna-se mais leve e mais livre.

Uma indicação do poder relativo desses vários campos de Parami foi dada pelo Buda. Ele disse que o poder da purificação na doação é aumentado pela pureza do recebedor. Mas muitas vezes mais poderosa, até mesmo do que ter feito uma oferenda ao próprio Buda ou à uma ordem inteira de monges e monjas iluminados, é a prática do pensamento da bondade amorosa com uma mente concentrada. E ainda mais potente do que cultivar esse pensamento amoroso é ver claramente a impermanência de todos os fenômenos, pois esse insight dentro da impermanência é o início da liberdade.

Referência:
Conceito de Dharma;
Os Oito Dharmas Mundanos

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Shaolin Monk
Shaolin Monk
14 março de 2006 5:00 pm

Certa vez um homem foi procurar um fisiognomonista para ver seu futuro, e teve uma grande surpresa ao receber a noticia de que morreria naquela noite à meia-noite. Voltando para casa ele se deparou com vários peixes que estavam morrendo por estarem em uma parte quase seca de uma lagoa. Pegando-os um por um, recolocou-os em uma parte onde havia muita água. Foi embora doou sem bens aos vizinhos e esperou a meia-noite. Chegando o horário de sua morte, nada aconteceu, esperou mais um pouco e nada. No outro dia ele foi reclamar ao fisiognomonista que olhando para ele disse:… Read more »

Reginha
Reginha
15 março de 2006 12:58 pm

Olá!
Sempre leio os textos deste blog, e aprendo muito com eles. Adoro os comentários, as trocas de opiniôes dos “comentaristas” mas nunca ousei em ditar a minha própria opinião. Neste texto, agora, o que posso dizer sobre mim, é que sou uma pessoa egoísta. Gostaria de ter, mesmo que fosse só um pouquinho, o conhecimento da prática desse processo de purificação.
Agradeço a todos vocês pela oportunidade de mostrar textos tão sábios.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
15 março de 2006 1:00 pm

Será que Chico Xavier evitava receber por achar-se indigno ou orgulhoso? Não podemos forçar ou constranger ninguém a aceitar NADA, ou vai parecer aqueles evangélicos que ficam “aceite Jesus no seu coração! Vamos lá!”, ou então aquele povo que fica “experimenta, experimenta”. O que é bom pra vc pode não ser bom para os outros…

Shaolin Monk
Shaolin Monk
15 março de 2006 1:28 pm

O primeiro passo é acreditar que Deus ou Buda, deseja que o homem seja feliz, saudável e prospero. Os nossos sentimentos e convicções tornam-se inevitavelmente os “vestidos” que usamos. Diz-se na Bíblia que devemos tomar conta dos órfãos e das viúvas, isto significa os ideais perdidos, que desistimos de atingir. Quanto mais próximos de Deus estivermos, menos sombras terão em nossa vida. Se formos no mar com um copo, é somente está pequena quantidade de água que poderemos trazer. O recipiente da mente também deve ser grande e generoso, tanto no doar quanto no receber. Se você não coloca isto… Read more »

Íris
Íris
15 março de 2006 3:54 pm

Talvez tenha me expressado mal…
Há muitas formas de “receber” e receber amor é uma delas. Há, é claro, uma enorme diferença entre “desapego” e “desatenção”. Hoje mesmo recusei uma demonstração de afeto… podia ter perdoado e não o fiz. Espero apenas que o meu amigo tenha a compreensão que eu não fui capaz de ter…

Shaolin Monk
Shaolin Monk
15 março de 2006 4:46 pm

Se a pessoa que está doando alguma coisa, o está fazendo simplesmente por fazer, não se pode ter certeza se o que se quer doar será bom para o outro. Já quando este desejo de doar nascer da da Presença de Deus em nós ou seja nossa Imagem Verdadeira, não haverá erro algum, e a outra pessoa poderá receber como uma dádiva vinda de Deus. Onde há a Sabedoria e o Amor trabalhando juntos, jamais haverá discensões.

Íris
Íris
16 março de 2006 10:38 am
Anônimo
Anônimo
18 março de 2006 4:14 pm

DAi a cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus….

ou ainda…. O Servidor sempre será servido….

Para ser grande seja o servodor de todos…. (Tao Te King – 27)

renan
renan
24 março de 2006 3:39 am

a ação e reação o principio do universo em todos os quadrantes. aprender a dividir . aprender a amar ao proximo como a ti mesmo .
o plantio é arbitrario a colheita obrigatória!

Paulinha
Paulinha
17 junho de 2007 1:58 am

Que post lindo!!
Paramis me fez lembrar de Krya no hinduismo, a purificação em todos os sentidos.
Já presenciei uma purificação emocional meditando. Essa prática espiritual é realmente revolucionária, acho que foi depois dessa experiência que eu comecei a sacar isso. E dá-lhe práticas!

Outras purificações tbm podem acontecer, comi o insight que tem escrito no post. Lembrei de você, acid :). Ou purificação física e de conduta e tal.
Interessante demais.Queria até meditar mais..

Beijux!

Anônimo
Anônimo
29 maio de 2018 5:49 pm
Mó
15 março de 2006 12:25 pm

Pois é íris, Grande verdade, eu também ando a aprender a receber que é quase mais difícil do que dar. ; )

Íris
Íris
15 março de 2006 11:55 am

Quem não doa, além de estar roubando a si mesmo a felicidade, demonstra não ter confiança na Unicidade. Mas, há pessoas que sabem doar e não querem receber. Recusam-se a isso! Por acharem-se indignas ou orgulhosas o suficiente para não precisarem do próximo.

Marcelo Cabral
Marcelo Cabral
14 março de 2006 4:11 pm

[meio-offtopic] No seriado Lost, a “empresa” que aparentemente está por trás das coisas estranhas que acontecem na ilha chama-se “Dharma Initiative” e tem no seu logotipo o símbolo do DHARMA. Vale dar uma navegada em http://www.lostpedia.com.

Thiago
Thiago
14 março de 2006 5:14 pm

Olá,

Esta é a primeira vez que entro na página, e devo dizer que me agradou muito. As matérias são bem escritas e de fácil acesso. Parabéns pelo site!

Thales
Thales
14 março de 2006 5:46 pm

O bom é que temos a liberdade de nos condicionarmos a excluir pensamentos ruins que temos.

A um tempo atraz eu ficava extremamente magoado por ajudar de qualquer q fossem as formas uma pessoa que seja próxima a mim em qualquer aspecto, seja financeiramente, emocionalmente ou até mesmo tirando do meu para dividir com a pessoa. E ficava meio magoado por as vezes não receber o mesmo.

Atualmente compreendo que cada um é cada um no seu próprio comportamento.

Para mim dividir sempre foi uma das melhores coisas que posso me proporcionar.

Bruno H.
Bruno H.
14 março de 2006 8:09 pm

Perfeito!
(Sei lá se o post é bom mesmo, ou eu só gostei porque se encaixa na minha crença pessoal, mas…)

(Poxa Marcelo Cabral! Eu tecendo as teorias mais mirabolantes para o Lost e você “conta” uma coisa importante dessas! Assim não dá!…hehehehe 😉

Íris
Íris
14 março de 2006 10:36 pm

Ser generoso assim como todos os hábitos só requer prática. No começo pode ser bem difícil. Mas acredito ser uma questão de enfoque. Bases erradas, só podem resultar em construções erradas. E o condicionamento nos diz que dar alguma coisa é perder (pelo menos no mundo fenomênico é assim). Mas, se compreendermos bem, o amor é o sentimento mais rico… pois dá de si mesmo. E quem é pobre não ama… Utopia? Não. Afinal, tudo começa na mente.

( E até Henry Ford foi considerado louco por usar uma “carroça sem cavalos”).

😀

Mó
15 março de 2006 7:18 am

Gostei muito deste texto, em relação à impermanência, senti identificação com um sentimento que tive há uns meses. Talvez por que estivesse a ler Deepack Chopra. Mas a ideia gira em volta de não sermos estáveis, pelo menos não devemos ser, porque está sempre tudo a mudar e nós devemos acompanhar essa mudança que acontece todos os dias, com o nosso corpo, o nosso mundo e também nós mesmos que apesar de termos a ideia de continuidade isso não é verdade e apercebemo-nos disso quando vamos por ex ler diários antigos. A par disso acredito que devemos sempre procurar o… Read more »

Íris
Íris
15 março de 2006 9:38 am

Com certeza, Mó. Uma vez que é dado o primeiro passo, o fim já está próximo. Na verdade, ambos fazem parte de um mesmo processo. Muitos consideram a vida um objetivo a ser alcançado, mas na verdade é uma jornada. A cada dia aprendo mais, e sei que não há um fim para isso. Até Jesus maravilhou-se quando disse: “Em verdade, nunca encontrei uma fé tão grande em Israel!”. O Aikidô e o Taoísmo nos mostra uma grande verdade ao dizer: “Somos um espírito em evolução” e “Não se deve buscar a perfeição, mas a excelência”. Não há, na verdade,… Read more »

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
15 março de 2006 10:06 am

Mó, se vc investe em algo esperando qualquer coisa em troca, vc está ainda no caminho da ilusão. Não nascemos amarrados a ninguém (a não ser, claro, à nossa mãe, e tal ligação tem de ser cortada logo no nascimento). O budismo bate muito na tecla do desapego. Quando você cuida de um passarinho doente, e ele fica bom, é mais do que natural que ele procure voar, afinal, é da natureza dele! Não se deve forçar a natureza de nada nem de ninguém. Isso é prova de amor.

0ne
0ne
15 março de 2006 11:08 am

Até nas relações mais sublimadas tipo Mãe e filho existe sempre uma cobrança de retorno, mesmo que inconsciente…
É difícil doar, quando estamos incompletos, quando algo nos falta, pode ser gratificante a princípio mas depois,sei lá, bate o desejo de ser reconhecido, retribuído, principalmente no campo afetivo.
Parece que tudo funciona na base de toma lá dá cá, como se fosse um grande mercado (de bens, mentes, corpos e almas), onde todo mundo pechinca, oferce, mede vantagens…
Desapego é uma GRANDE pedida, embora nos tire do “Jogo”, mas eu nunca gostei de Jogar mesmo.

Mó
15 março de 2006 11:36 am

Agora não me lembro de onde li, mas acho que foi ou Osho ou Paulo Coelho, aliás foi Paulo Coelho, no seu livro o Zahir, que fala do banco de favores. Eu quando dou algo a alguém, quer geralmente não tem a ver com bens materiais, mas sim com momentos de partilha em grupo eu dou com muito prazer e alegria no coração. Na verdade quando estou a dar eu não tenho qualquer tipo de pensamento de recompensa, eu apenas gosto de partilhar o que tenho de melhor. Na verdade eu sinto que o devo fazer porque me dá prazer… Read more »

Anônimo
Anônimo
18 agosto de 2013 1:08 pm

A Buddhist discussion forum on the Dhamma of the Theravada

http://www.dhammawheel.com/

A Buddhist discussion forum on Mahayana and Vajrayana Buddhism

http://www.dharmawheel.net/

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