OS MILAGRES DA PERCEPÇÃO

Um yogue pode tornar o corpo imperceptível a outros homens: “Ao não existir um contato direto com a luz dos olhos, o corpo desaparece”, segundo Patañjali (Yoga-sutra,III,20). Essa é a explicação dele para os desaparecimentos e aparições dos yogis, “milagre” mencionado por uma infinidade de textos religiosos, alquímicos e folclóricos indianos. Eis o comentário de Vacaspati Misra: O corpo é formado por cinco essências (Tattva). Ele torna um objeto perceptível ao olho graças ao fato de possuir uma forma (Rupa), que significa também “cor“. É pelo Rupa que o corpo e sua forma se tornam objeto da percepção. Quando o yogin exerce o Samyama sobre a forma do corpo, ele destrói a percepção da cor (Rupa) que é a causa da percepção do corpo. Por isso, quando a possibilidade de percepção é suspensa, o yogin se torna invisível. A luz engendrada no olho de outra pessoa não mais entra em contato com o corpo que desapareceu. Em outras palavras, o corpo do yogin não é objeto de conhecimento pra nenhum outro homem. O yogin desaparece quando não deseja ser visto por ninguém.

Mircea Eliade; Yoga: imortalidade e liberdade

Podemos, a partir daí, jogar a idéia de percepção ainda mais longe. Percebemos as cores, e elas podem ser mudadas pelo pensamento (pode ser através do Samyama, ou outra disciplina rigorosa de controle da mente) então o mesmo pode ocorrer com qualquer coisa que percebemos, de um lápis a uma montanha, do cheiro ao tato. No livro Evangelho Aquariano, vemos como foi o “milagre do vinho” de Jesus, o primeiro que aparece na Bíblia:

“Enquanto Jesus estava a um lado, em silenciosa meditação, sua mãe aproximou-se e disse: O vinho acabou; que podemos fazer?

E Jesus disse: Rogo que me digas o que é vinho? Não passa de água com sabor de uvas. E que são uvas? São apenas certos tipos de pensamento manifestado, e eu posso manifestar tal pensamento, e a água será vinho.
Chamou os criados e disse-lhes: Trazei-me seis cântaros de pedra, um cântaro pra cada um dos meus seis discípulos, e enchei-os de água até a borda.

E Jesus, com um pensamento poderoso, fez os éteres vibrarem até se tornarem manifestos, e eis que a água tingiu-se e transformou-se em vinho.”

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Anônimo
Anônimo
15 agosto de 2012 9:51 pm
Anônimo
Anônimo
23 dezembro de 2012 5:06 pm

Yoga sūtra de Patañjali: contribuições da Índia para uma filosofia da mente, por Maria Lucia Abaurre Gnerre.

http://youtu.be/ddYtSKhaVxI

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