HAVA NAGILA

judeus danca

Ontem fui ao Festival Judaico da Rua do Bom Jesus (em Recife, Pernambuco). Antigamente essa rua era denominada “Rua dos Judeus”, por conta do aglomerado de casas de judeus e da construção da primeira Sinagoga (de 1636 a 1654) oficial de todo o continente Americano! Antes de ser a Rua dos Judeus, naquele local funcionava um mercado de escravos, negócio do qual faziam parte (quem diria) alguns judeus.

Os judeus vinham especificamente pra Pernambuco por conta da colonização holandesa, que era tolerante com a religião alheia (ao contrário da portuguesa, que era dominada pelos interesses da Igreja Católica) especialmente porque isso era bom para os negócios. Isso atraiu os judeus portugueses (sefardins) e alguns poucos migrados da Polônia e da Alemanha (askenazins), que logo vieram tentar a sorte em terras do Nordeste do Brasil ou, como anunciavam eles, na Terra do Açúcar. O Recife de então transformou-se numa verdadeira Torre de Babel. As suas ruas, praças, templos e bodegas foram tomadas por holandeses, noruegueses, belgas, flamengos, ingleses, alemães, escoceses, dinamarqueses e judeus; Uma verdadeira metrópole que, se tivesse continuado assim por uns 100 anos, a “São Paulo” do Brasil provavelmente seria Recife.

Só que quando os holandeses foram expulsos de Pernambuco (com a ajuda de Nossa Senhora), os portugueses fizeram um cerco aos judeus, que, sem comida, tiveram apenas 3 meses pra vender tudo o que tinham e partir em alguns navios. Parte foi para a Holanda, parte pro Caribe e parte foi pra Nova Amsterdã, onde ajudaram a fundar (com suor e sangue) a cidade de Nova York (a base do que seriam os Estados Unidos das Américas).

Os judeus que ficaram foram convertidos à força e adotaram novos nomes para poder permanecer na América Lusitana, onde o fanatismo religioso era menor – tanto pelo relaxamento dos costumes, como pela necessidade de proteger a colonização. Apesar dessa liberalidade relativa, contudo, a Inquisição não seguia um traçado retilíneo, apresentando sempre marchas e contra-marchas. Desse modo, jamais deixou de estender seus olhos e garras à colônia hebraica brasileira, tendo enviado mais de 500 pessoas a Portugal, e punindo até mesmo gente da Igreja que intercedesse por judeus, como fez com o Padre Antônio Vieira.

Mas esse preâmbulo é só pra ilustrar que vida de judeu não era fácil (mesmo num lugar oficialmente tolerante), mas esse povo nunca perdeu a alegria de viver. Me contaram no festival que consta na tradição judaica que a única coisa que Deus vai lhe cobrar “lá em cima” são as oportunidades que você teve pra se alegrar e não o fez.

Deve ser por isso que os judeus têm tantas festas religiosas (“nossa” Páscoa, inclusive). E a música mais conhecida é a Nagila Hava, que significa Alegremo-nos.

Ivdu et Adonai b’simchá (Sirvamos a Deus com alegria)

O hassidismo, movimento judaico mais recente que data do século XVIII, ressalta a alegria da onipresença de Deus. Reconhece a presença de Deus nas mais triviais atividades do corpo, a louvação a Deus aparece nas cerimônias sacras e também nas atividades “profanas” como as refeições, o sono, a união sexual, o canto e a dança. Crêem que a intenção ao praticar o ato é o mais importante, e se em suas atividades a pessoa visar o devekut o resultado será o êxtase. Denominam esta prática de yeridah le-tsorehk aliyah, a descida com finalidade de ascensão.

Referência:
FUNDAJ

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Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
23 novembro de 2009 7:42 pm

Eu ia, só que estava num encontro estudantil na faculdade… Mas um amigo me disse que foi bom… Mas de fato, como já falei aqui, se não fosse pelos puturgueses da época, Recife seria a Nova York do mundo, isso sem falar se as demais revoluções tivessem sido consumadas principalmente a Pernambucana. Se bem que ainda prefiro a Veneza Brasileira da violência social do que o coração do mundo da exploração mundial…

De qualquer jeito, a cultura judaica em PE é muito forte, pena que ainda não é muito conhecida pelo resto do Brasil.

Michelle
Michelle
20 março de 2010 12:54 am

Achei o texto muito interessante, nunca tinha entrado em “Saindo da Matrix”, mas decidi entrar depois de comentários elogiosos na Teoria da Conspiração, do MDD.
Que ironia a antiga “Rua dos Judeus” se chamar hoje “Rua Bom Jesus”… Poderia jurar que a mudança do nome foi proposital, para “limpar” o local de toda a “perniciosa” influência judaica!!!

José
José
24 novembro de 2009 9:26 pm

E serão suas fontes verossímeis, Célio?
Quantas bocas foram necessárias para chegar até você estas informações?

Elielson
Elielson
24 novembro de 2009 3:30 pm

Lá vem os judeus
Estão vindo,
Peraí, ele está botando um ovo…

kiabo azul
kiabo azul
24 novembro de 2009 2:36 pm

aqui em salvador eu não vejo falar dessas festas:(



é por isso que o silvio é tão alegre. Fico imaginando ele dançando essa musica do texto: Ma oê vai pra lá, rodandoooooo rssr



E esses judeus sabem fazer dinheiro… Diz que hitler pregava contra os judeus tb pq eram eles que tinham os bancos e as empresas da alemanha na época.

Claudinha
Claudinha
24 novembro de 2009 1:16 pm

como sempre um texto contemporâneo sobre algo que está na cara mas poucos conhecem que é o alto grau da influência judaica na construção da identidade brasileira.

zacaria
zacaria
24 novembro de 2009 12:37 pm

e continuam a nos escravizar economicamente hj em dia ,como sempre!

: )
: )
25 novembro de 2009 7:06 pm

Acho que a fonte do Celio é o Mahmoud Ahmadinejad!

Ivdu et Adonai b’simchá!!!

ldb
ldb
24 novembro de 2009 7:36 pm
Celio
Celio
24 novembro de 2009 8:40 pm

Bobagem acreditar que o povo judeu ligue para o direito de outros povos ou religiões. Não os vejo como diferentes. Apesar de todas as tentativas, induzidas por eles próprios.
Eles auto estigmatizaram… A perseguição na 2ª Guerra ceifou não apenas judeus…
E nunca vi dados concretos que me provem que foram 6 milhões de judeus assassinados, não que este detalhe venha minimizar a matança…
A imprensa até hoje nos ilude com estes dados…
Eu só pergunto… Até quando, caros leitores.

Anônimo
Anônimo
26 novembro de 2009 3:56 pm

Vocês sabem quem escreve a história… Não sou admirador do Presidente Iraniano mas ela expressa pensamentos que nenhum governante ocidental tem a coragem de expor(por motivos que vcs conhecem). Não é de hoje que o Brasil tem boas relações com o Irã e sempre preservou boas relações com todos os países do O.M. Poucas foram as bocas que me trouxeram esta opinião, José. Acredito que o instrumento mais forte de mudarmos a opinião do povo é dando-lhes opinião própria. Sou defensor da democracia, apesar de instituições manipularem as mentes… Quando a população ver por si, então estaremos numa verdadeira democracia.… Read more »

Gabriel Gherman
Gabriel Gherman
23 novembro de 2009 10:14 pm

Opa!!!
Muito show o texto!! =DD
Aqui no Rio de Janeiro a comunidade judaica também tem festas bem legais.
Em “Simchá Torá” (festa onde celebramos o reinicio da leitura da Torah anual), fazemos uma grande festa e boa parte da comunidade carioca sai pelas ruas de copacabana visitando todas as sinagogas próximas, onde estão todas em festa, com muita música e comida… Muito show!! =DD.

Anônimo
Anônimo
28 junho de 2013 8:42 pm

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