TOMORROW NEVER KNOWS

Em 06 de abril de 1966 os Beatles gravaram a base do que viria a ser conhecido como Tomorrow Never Knows, uma das música mais visionárias e à frente do seu tempo já gravadas, definindo os rumos que o rock iria tomar dali em diante (e até os dias de hoje) e até mesmo a música eletrônica. Basta dizer que o Chemical Brothers fez seu maior sucesso com um “irmão” dessa música – “Setting Sun” – utilizando a mesma bateria, a mesma voz anasalada (de Noel Gallagher, vocalista do Oasis e fã dos Beatles assumido), o mesmo ritmo enfeitiçante… 33 anos depois. Outras homenagens surgiram das mais diversas bandas e gêneros, como Public Enemy, The Bangles, Beck e Skank.

Quem teria imaginado?

John Lennon escreveu a canção em janeiro de 1966, adaptado do livro A Experiência Psicodélica, de Timothy Leary, que é baseada no Livro Tibetano dos Mortos (usado tradicionalmente pra facilitar o desligamento da alma do corpo em pessoas que estão para morrer). Na época, acreditava-se (alguns ainda acreditam até hoje) que a morte do Ego, sob influência de LSD e outras drogas psicodélicas, é essencialmente semelhante ao processo de morrer e exige orientação semelhante. Já no livro The Love You Make, escrito por Peter Brown, fala que a única fonte de inspiração de Lennon veio do Livro Tibetano dos Mortos, que ele diz ter lido enquanto viajava com LSD.

Um dos episódios mais famosos que aconteceu durante a gravação é como Lennon (que teve sempre alguma dificuldade para explicar claramente e em um idioma técnico o que ele queria dos produtores) pediu ao jovem engenheiro de som Geoff Emerick para ter sua voz soando “como o Dalai Lama cantando do alto de uma montanha, a quilômetros de distância”. Foi quando Geoff teve a idéia de gravar o vocal através um auto-falante Leslie (uma caixa de madeira grande que contém um amplificador e dois conjuntos de auto-falantes rotativos para um órgão Hammond) e falou pra o produtor George Martin: “Eu acho que eu tenho uma idéia sobre o que fazer com a voz do John”.

Pousando suas xícaras de chá, John se sentou atrás do microfone e Ringo atrás de sua bateria, pronto para gravar em cima do loop já gravado; Paul e George Harrison foram até a sala de controle. Uma vez que todo mundo estava em seu lugar e pronto para começar, George Martin falou no microfone: “Aguarde… Lá vem.” Então o engenheiro começou tocando o loop. Ringo começou a tocar junto, batendo a bateria com fúria, e John começou a cantar, de olhos fechados, cabeça para trás: “Turn off your mind, relax and float downstream…“. A voz do Lennon soou como nunca havia soado antes, assustadoramente desconectada, distante, mas atrativa.

O efeito pareceu complementar perfeitamente a letra esotérica que ele estava cantando. Todo mundo na sala de controle parecia atordoado.

Pelo vidro, nós podíamos ver John começar a sorrir. No fim do primeiro verso, ele deu um exuberante “legal” com os dedos polegares – e McCartney e Harrison começaram a dar tapinhas nas costas.
“É o Dalai Lennon!” Paul gritou.

Outro efeito fantástico está no final, onde a música não termina com um fade-out (diminuição progressiva do volume), mas sim se “desintegra”, como se um furacão sonoro parasse subitamente de girar e seus elementos fossem caindo no chão.

Play the game “Existence” to the end… Of the beginning… Of the beginning…

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Tomorrow Never Knows

The Beatles – Album Revolver

Desligue sua mente, relaxe e flutue com o fluxo;
Não está morrendo, Não está morrendo.

Abandone todos os pensamentos e se renda ao nulo;
está brilhando, está brilhando.

Então você verá o significado de seu interior;
Está sendo, está sendo.

O Amor é tudo e o Amor somos todos nós;
Isto é conhecimento, Isto é conhecimento.

E a ignorância e o ódio lamentam a morte;
Está acreditando, está acreditando.

Mas preste atenção às cores de seus sonhos;
Não está partindo, não está partindo.

Assim, Jogue o jogo “Existência” até o fim;
Que é o começo, que é o começo, que é o começo…

A vida não é uma pergunta a ser respondida… É um mistério a ser vivido.

Buda
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Paulinha
Paulinha
16 junho de 2007 3:38 pm

Ahhhhhhhhhhhhh que massa a curiosidade!
Muito bom saber dessas coisas!
Impressionante esse lance de Lennon, né?

Os que acreditam até hoje da morte do ego sobre influência de drogas psicodélicas é na psicologia transpessoal. 😛 Mas não são todos!
;***

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