SAINDO DA MATRIX: CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Engraçado como as pessoas carecem de afirmações, certezas, caminhos já trilhados por outrem, para que possam calcar o pé com firmeza em sua caminhada e não se abalar quando disserem que o vermelho não é sempre vermelho. Se porventura insinuo que o nariz da Rena do Papai Noel é vermelho, sempre surgirão aqueles que acreditam em cada linha e irão retransmitir a notícia como se tivessem visto com seus próprios olhos. Outros ainda irão mais longe, acrescentando detalhes como a cor dos olhos e textura da pele. Enquanto isso, outros dirão “Você está errado. Eu conheci a Rena e definitivamente o nariz dela é verde!”.

Quanta tolice discutir por isso, não acham? Mas muito sangue e ódio já rolaram por outros assuntos que só podem ser conhecidos através de experiências pessoais, não quantizáveis cientificamente. A coisa que mais detesto são pessoas cegas que se deixam ser conduzidas por outros cegos. Ou cegos que se acham aptos a conduzir outros cegos. Posso ser um cego agora, mas não pretendo ficar eternamente nesta condição. Enquanto isso eu tateio, dou passos em direções cujo destino não me cabe antever. Baseio-me nos ensinamentos de Mestres que vieram mostrar o caminho das pedras mas, antes de tudo, é meu coração que decide o rumo que vou tomar.

Não sou um Messias. O Messias já veio e muitos não o reconheceram. Engraçado como muitos encaram esse título Saindo da Matrix como uma condição final, como o passo final. Não é. O gerúndio de sair, neste caso, pode muito bem ser o primeiro (e mais difícil) passo. Como diria Chico Science: Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar. O que vou encontrar “lá fora”? Não sei. Só não quero ficar nesse sistema, nesta entropia. Muita gente está feliz aqui. Eu já fui feliz aqui. Até que se chega um ponto em que se percebe que aqui não é o “bairro onde você vai criar seus filhos” e então você luta para obter condições “financeiras” para “se mudar”.

Fui feita para outro planeta; me enganei de direção.

Simone de Beauvoir; A mulher desiludida

Nestas férias li o livro Paulo e Estêvão. Conta a história de Saulo (futuramente Paulo) de Tarso, um jovem e inteligentíssimo Rabino, fervoroso defensor das Leis de Moisés. Havia encontrado o amor da sua vida na figura de Abgail, e o futuro lhe parecia promissor. Ele era uma pessoa honesta, justa, que seguia seu coração nos assuntos espirituais, e considerava-se lutando a boa luta quando iniciou a perseguição os primeiros cristãos. E mandou para a morte, entre eles – e sem que ele soubesse – o irmão de Abgail (que, após o incidente, morre de desgosto). Era o fim do sonho terreno de Paulo. Até que, às portas de Damasco, teve o seu chamado espiritual: uma convocação ao trabalho reparatório em nome de Jesus Cristo. Sim, o carrasco dos cristãos era chamado a se tornar o seu maior representante. E lá ficou, cego por algum tempo; uma cegueira antes de tudo simbólica, para mostrar-lhe a ignorância de outrora, e que os fins, por melhores que sejam, não justificam os meios. Sabedor de sua condição íntima de criatura das mais desprezíveis entre os cristãos, ele inicia, antes de tudo, uma transformação moral, para que pudesse dar o testemunho não só pela palavra, mas sim pelos seus atos.

Deus não deseja a morte do pecador, porque é na extinção de nossos caprichos de cada dia que encontramos a escada luminosa para ascender ao seu infinito amor.

Paulo e Estêvão; pag. 458

Foi por experiência de vida que Paulo escreveu:

“Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.”

II Coríntios 11:13-15

Sim, o mundo está cheio de lobos em pele de cordeiro. As pessoas mais perigosas com quem já me deparei não por acaso eram também as mais dóceis, simpáticas e inofensivas criaturas (muitas vezes com bela aparência). São calmos, controlados, cultos. Usam de sua facilidade de comunicação para ludibriar, manipular as pessoas para seus fins e depois descartá-las (se preciso for, com a morte). Adoram se infiltrar em grupinhos, para conquistar mais adeptos pras suas idéias e neles exercer sua autoridade (conquistada por simpatia ou respeito). Não acreditam em responsabilidade. Mas existe um jeito infalível de desmascará-los: suas obras. “Toda árvore boa só dá bons frutos” (Mateus 7:7). Gente que não faz PN e fica se passando por ser iluminado é o maior 171. Por isso, Vigiai e orai!

Um homem pode sorrir, e sorrir, e ser um vilão.

William Shakespeare

Então, por que me alçar a um patamar que não almejo, para depois me solapar criando a discórdia onde só deveria haver harmonia? Não creiam em mim. Creiam antes de tudo no seu coração. Se a Bíblia está toda deturpada, que maravilhosa deturpação se deu então no Sermão da Montanha, esta dádiva da literatura que nos convida a uma reflexão de todos os nossos atos! Se Jesus não existiu, então que maravilha que ele tenha sido criado, para que pudéssemos ter um modelo de retidão de caráter e amor ao próximo que resiste aos tempos!

Sou apenas um andarilho. Tudo o que busco é a saída de um mundo artificial, uma escravidão imposta aos homens por outros homens. Sei muito bem que uma das saídas pode ser justamente a transformação deste próprio mundo, por que não? Não busco desta forma o escapismo de uma triste realidade para um mundo de fantasias e alienação. Pretendo sim pegar a parte que me cabe nesta triste realidade e transformá-la em algo melhor. É para isso que o blog existe: Para primeiramente me transformar, e assim poder atuar no meu microcosmo. Pega tua cruz e faze o mesmo! É para isto que existem os links de “blogs similares”, que resolvem mostrar o mundo por um outro prisma que não o que estamos acostumados.

Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando sonhamos juntos é o começo da realidade.

Miguel de Cervantes

Enquanto isso, as pessoas se apegam à letra morta e não conseguem ver mais do que uma “viagem” em torno do filme Matrix. Ora, é o mesmo tipo de gente que acredita até hoje que eu falava sério no post sobre os Lanternas Verdes, mesmo com o famigerado texto do “torneio das trevas de boliche” incluso… putz. Espero não ter de lembrar-lhes novamente pra não serdes tão inocentes assim.

Sede simples como as pombas e prudentes como as serpentes.

Mateus 10:16
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Fiat Lux
Fiat Lux
11 julho de 2006 9:57 am

“O Plano do Céu na produção da Humanidade é este:

Aqueles que primeiro se informam devem instruir aos outros que se demoram em informar-se; e os que primeiro compreendem devem instruir aos que são mais lentos em compreender.
Eu sou um dos filhos do Céu que primeiro compreendeu.
Devo tomar esse princípios e com eles instruir os meus semelhantes.”

Confucio – “A doutrina do Meio”
Filósofo chinês nascido no ano 550 e morto em 478 a.C

Lucano
Lucano
19 julho de 2006 1:47 pm

Loquissimo este texto seu, esse sim fez muito sentido . Este he o caminho.

Carlos Tadeu
Carlos Tadeu
1 março de 2007 8:46 am

Texto filosoficamente belo.
Gostei.

Carlos Tadeu
Carlos Tadeu
1 março de 2007 8:47 am
Augusto
Augusto
4 outubro de 2007 11:38 pm

Nossa, cada texto que o cara escreve…muito bom…

Jaime Coutinho
Jaime Coutinho
16 maio de 2008 11:58 pm

Antes que eu possa digitar aqui uma pergunta que há muito me intriga, gostaria de saber se alguém irá me responder, pois as datas que aparecem aqui são sempre de alguns anos atrás. Ainda responderiam uma dúvida minha com relação à Fonte Criadora, ou Deus, como queiram?

Abraços!

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
17 maio de 2008 12:08 am

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