Joanna de Ângelis, por Divaldo P. Franco. Livro Sob a Proteção de Deus
Se alguém ofendeu a outrem, deve-lhe a reparação, apresentando-a através do pedido de desculpas, da mudança de comportamento, assim demonstrando a sinceridade do sentimento novo, do arrependimento. Para esse fim, é necessário possuir valor moral, elevação espiritual, que o orgulhoso ainda não conquistou.
A verdadeira grandeza está no fato de se reconhecer a própria pequenez.
Grande, em realidade, é o ser que ser sabe frágil, susceptível aos erros, lutando por manter-se invicto, e, quando se equivoca ou ataca, tem a dimensão do que praticou, esforçando-se por reparar os danos causados, o mal-estar que provocou.
O ofendido, por sua vez, tem o dever de entender a ocorrência penosa e distender os braços amigos ao agressor. Há sempre elevação e dignidade naquele que desculpa, considerando a sua própria vulnerabilidade.
Não devolver o mal, é um grande bem. Todavia, oferecer o bem, a quem lhe fez mal, é ser livre e gozar do pleno sentimento de amor. Não basta deixar de revidar o mal pelo mal. Faz-se imperioso realizar algo mais, que é a doação da amizade e do perdão. Isto será possível, quando a caridade conduzir os sentimentos humanos e as paixões inferiores cederem lugar às emoções enobrecidas.
Desse modo, não exijas reparação, quando te agredirem ou ofenderem. Esquece o incidente e segue adiante. Se o ofensor vier espontaneamente, já o terás desculpado. Se não, o problema ficará com a consciência dele.
Se alguém, no entanto, exigir-te que repares, por considerar que foste o agressor, submete-te com naturalidade, recuperando-te. Ideal será, se fores aquele que tem a iniciativa de fazê-lo. No entanto, em qualquer tempo e circunstância, será melhor que assim procedas, do que deixar de realizá-lo.
Age certo todo aquele que permanece em paz de consciência. Quando percebas que tens um inimigo, com ou sem motivo, a dificuldade para a solução está com ele. Contigo deve permanecer o interesse pela cordialidade.
Entretanto, quando te descubras inamistoso para com outra pessoa, está em ti a possibilidade para alterar a situação, buscando as causas da antipatia e estirpando-as quanto antes. Mais importante do que não ter inimigos, às vezes, inevitáveis, é não o ser de ninguém, que podes, sim, conseguir.
Há ofensas que não foram intencionais e permanecem, porque as vitalizas. Quanto mais lhe deres atenção, mais volume e significado passam a ter.
Recorda Jesus, o ofendido sem culpa, que, amando sempre, viu alguns amigos queridos se transformarem em acusadores, em desertores, em adversários, permanecendo, mesmo assim, afeiçoado e vigilante em relação as suas vidas, perdoando-os e aguardando-os, séculos em fora, a fim de alçá-los à Vida Maior.