AIVANHOV

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Omraam Mikhaël Aïvanhov (1900-1986) era búlgaro de nascimento, mas adotou, a partir de 1937, a França como seu lar. Era discípulo do mestre búlgaro Peter Deunov, que foi fundador da Fraternidade Branca Universal.
Aïvanhov levou para a França os ideais do mestre Deunov e, em 1943, fundou seu primeiro centro espiritual, na cidade de Sévres. A partir daí, começou a proferir palestras, que seus discípulos anotavam e gravavam para depois transcrever. O resultado desses ensinamentos orais está hoje registrado em centenas de livros, publicados em várias línguas. Seu trabalho teve uma grande expansão de 1976 em diante.

O que mais chama a atenção no trabalho do mestre Aïvanhov é sua simplicidade na abordagem de temas espirituais, em que ele apresenta os exemplos e correlações mais simples para explicar as complexas questões da alma humana. Ele era um exímio contador de histórias e dotado de um grande senso de humor. Por vezes, para dar uma pausa na palestra, ele interrompia o que estava falando e contava algumas anedotas para alegrar seus ouvintes. Todo seu trabalho estava direcionado para o alargamento da consciência humana em direção ao seu aperfeiçoamento. Em outras palavras, transformar o homem-animal no homem-espiritual.

Recomendo a leitura em especial dos trechos abaixo, do livro Poderes do Pensamento, de Omraam Mikhaël Aïvanhov (Coleção Izvor – Edições Proveta – Portugal). Minha admiração pelo estilo simples e direto – embora carregado de sabedoria profunda – de Aivanhov me faz ler todos os textos dele (que estão sendo enviados por canalização, lá na lista Voadores) e não me canso de admirar a beleza da clareza e simplicidade na exposição de suas idéias:

“O verdadeiro criador é o homem do pensamento; é no pensamento que as coisas se criam. No plano físico nada se cria, copia-se, imita-se, fazem-se uns pequenos trabalhos. A verdadeira criação tem lugar no mundo espiritual. Portanto, mesmo que comandem a matéria, a dirijam e a obriguem a trabalhar para eles, os materialistas perdem o reino do espírito: nivelam-se com a matéria, descem ao seu plano e, portanto,perdem o poder de comandar, perdem a sua força mágica.

É por isso que eu digo para vocês: se souberem utilizar a sua vontade, o seu pensamento, o seu espírito, para dar forma a todos os impulsos que vêm de dentro de vocês, tornar-se-ão criadores, serão grandes forças. Mas não tenham ilusões! Lá porque o seu pensamento obedece vocês, lá porque são capazes de fazer um trabalho de transformação interior, não imaginem que o plano físico também obedecerá a vocês! Muitas pessoas não vêem a diferença e perdem a cabeça porque misturam os dois mundos. Há pouco falei dos enamorados, para os quais, quando têm um encontro marcado, o inverno se transforma em primavera. Essa primavera é real neles, mas no exterior continua a haver inverno. Se eles imaginarem que basta estender a mão e pronto, os pássaros virão cantar… Bem, podem esperar! Pois bem, é o que fazem alguns espiritualistas… Eles imaginam! Alguns até acreditam que, se pronunciarem certas palavras mágicas, se abrirá um rochedo como no conto “Ali-Babá e os Quarenta Ladrões”, acreditam que lhes bastará dizer “Abre-te Sésamo!” para encontrarem tesouros que lhes permitirão viver na abundância até o fim da vida. Não, é muito mais razoável trabalhar do que estar assim à espera de tesouros.

Aliás, de uma maneira geral, as pessoas nunca devem iniciar uma atividade espiritual estando demasiadamente seguras de si próprias, pois essa segurança desencadeia outras forças que se opõem à realização. Já deveis ter notado isso. Comprometam-se a fazer determinado trabalho num certo dia e, passado algum tempo, já não têm qualquer desejo de o fazer. Contudo, se na altura em que se comprometerem estiverem sendo sinceros, estarão decididos a manter a sua resolução. Portanto, daqui para o futuro, não prometam muito intensamente, não anunciem os seus projetos a toda a gente, guardem os seus votos e os seus desejos só para vocês; assim, surgirão menos obstáculos a sua idealização. Eis uma questão que é muito importante conhecer.

E, mesmo quando obtiverem uma vitória, não se deixem adormecer, fiquem ainda mais vigilantes, porque o outro lado poderá atacá-los e, se deixarem surpreendê-los, poderão perder todas as vantagens que já adquiriram. São leis; como tudo está ligado, um movimento produzido numa região desencadeia outro movimento na região oposta. É por isso que, quando um Iniciado está a fazer um trabalho muito luminoso para toda a humanidade, mesmo sem querer ele desperta, suscita o outro lado, as trevas. Mas, como sabe isso, toma precauções. Não é por se despertar a hostilidade das forças tenebrosas que se deve renunciar a trabalhar para a luz. Também neste caso é necessário saber como não sucumbir, mas há que continuar o trabalho até à vitória e, ao mesmo tempo, aprender a utilizar as dificuldades como estimulantes.”

Omraam Mikhaël Aïvanhov

Após sua morte, ele passou a dar recados espirituais através de Wagner Borges, do IPPB, que também postou por um tempo pequenos textos diários de seus livros anteriores (de quando era vivo, só pra ficar claro), alguns dos quais publico aqui abaixo com alguns temas interessantes que ele cobriu:

BELEZA

“Algumas vezes, na montanha, vemos à beira de um precipício uma árvore com o tronco e os galhos retorcidos de uma forma estranha. Essa árvore teve de enfrentar as intempéries, resistiu e essa luta que está refletida no seu tronco e nos seus galhos. Isso também acontece na vida, encontramos pessoas com o rosto torturado e assimétrico, mas que possuem talentos e dons extraordinários. Isso demonstra que elas também tiveram de enfrentar situações muito difíceis, e as superaram. Por esse motivo porém, muitas vezes, desenvolveram o intelecto e a vontade em detrimento das qualidades do coração, assim esses esforços e essas crispações acabaram deformando o seu rosto. A beleza das pessoas exprime antes de tudo, as suas qualidades de coração, muito mais do que as do intelecto ou da vontade. Por isso as pessoas muito bonitas, muitas vezes, estão predestinadas a serem vítimas: uma vez que a beleza, a verdadeira beleza, tem muito mais afinidade com a bondade do que com a inteligência, essas pessoas não possuem meios suficientes para se defenderem das cobiças suscitadas pela beleza.”

O EU SUPERIOR

“O nosso Eu superior, o nosso Eu divino não pára de nos mandar mensagens. E se não as recebemos, ou se as recebemos deturpadas, isso só acontece porque acumulamos muita impureza dentro de nós. Vejam uma lamparina de óleo cujo vidro está sujo de fumaça: a sua chama não é mais luminosa, nem tão forte e nem mais bela do que quando o vidro está todo transparente. É necessário limpá-lo. Bem, podemos dizer que o ser humano é como uma lamparina de óleo: a luz que está no seu interior, e que queria se manifestar através dele, essa luz que é amor e sabedoria, deve passar por todos as camadas de sujeiras que foram acumuladas por causa de uma vida insensata, de pensamentos desordenados e de sentimentos egoístas. Portanto, é necessário que ele se limpe, e se purifique para que os seus vários corpos – o físico, o astral e o mental – se tornem tão transparentes e puros que essa luz divina, escondida dentro dele e que queria atravessar essa obscuridade, possa, enfim, brilhar com todo o seu esplendor.”

PENTAGRAMA

“Geburah é a quinta séfira da árvore sefirótica. Os cabalistas associam-na ao planeta Marte. Geburah representa a energia combativa, aquela que protege e repele os inimigos. E como o número de Geburah é o cinco, o pentagrama – a estrela de cinco pontas – é muito utilizado pelos magos como proteção: eles o colocam na entrada das suas casas para impedir que os espíritos infernais entrem, mas também para impedir que os espíritos luminosos saiam.
Naturalmente, não basta colocar um pentagrama na porta de casa para estar protegido. Esse símbolo só se torna realmente eficaz para aquele que trabalha com o propósito de se tornar ele mesmo, interiormente, um pentagrama. O pentagrama é, de algum modo, como o esqueleto de um espírito do plano astral, ao qual é necessário dar vida para que tome conta da entrada da casa, e a defenda das entidades malignas. Mas vocês só poderão vivificá-lo com a sua vida, uma vida de honestidade, de integridade, a serviço da luz.”

MUDANÇAS

A necessidade de mudar não é uma coisa negativa em si, mas em certos setores é prejudicial para o seu desenvolvimento. Em uma relação de amizade, ou de amor, por exemplo, é melhor começar com cautela, e avaliar bem os prós e os contras, para quando estiverem comprometidos, evitarem voltar atrás. Do mesmo modo, antes de abraçarem um ensinamento espiritual e seguir um Mestre, vocês têm o direito de examiná-los bem, e também de desconfiarem. É normal que se perguntem se aquele Mestre corresponde ao seu modo de pensar, às suas aspirações e ao seu ideal, e se o seu ensinamento está conforme a sua natureza profunda. Mas, uma vez vinculados, é muito negativo para a sua evolução não permanecerem fiéis a esse compromisso. O que pensam que podem construir, interiormente, de sólido e duradouro, passando de um lado para outro, segundo os seus caprichos ou a sua curiosidade? A experiência espiritual não consiste em uma série de encontros ora com um Mestre hindu, ora com um Mestre sufi, uma outra com um Mestre zen, e assim por diante. A experiência espiritual é um sulco que cavamos dentro de nós sem nunca parar de aprofundá-lo. O que poderemos aprofundar se mudamos sempre de guia ou de orientação?


Às vezes é preciso “chutar o balde” e o “pau da barraca” para reciclar algumas coisas na vida.

Às vezes o comodismo não é por preguiça, mas por medo e covardia em função da medíocre opinião dos outros.

Às vezes a inércia e o medo do novo é na verdade medo das profundas responsabilidades que desejamos recusar.

O homem mais forte do mundo é o que perdoa, e o mais fraco o que se magoa.

Paz e Luz

Ramatis, Curitiba, 14/11/2003 (por Dalton Campos Roque)


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