SATAN, O OPOSITOR

Estou com meu modem há dois anos. Ele não reconhecia o sinal de linha ocupada e eu tinha de esperar 40 segundos pra ele rediscar automaticamente. Nos dias de semana ele conecta de primeira, mas nos fins de semana eu levava umas 4 horas pra poder conectar. Já havia tentado sanar o problema, sem sucesso, e acabei achando que era defeito do modem mesmo. Eu não ligava muito, porque ficava ouvindo música, lendo livro, ou escrevendo pro blog enquanto ele tentava conectar.

Só que, de uns tempos pra cá ele começou a fazer barulhos altos que estavam impedindo que me concentrasse em qualquer coisa. Irritado, em menos de uma hora aprendi (por engenharia reversa) as sintaxes de inicialização do modem e resolvi o problema por tentativa e erro. Agora ele não só não faz barulho como reconhece o sinal de ocupado.

Fiquei pensando sobre isso enquanto almoçava… Se não fosse a irritação que o problema apresentava, provavelmente passaria a vida com o modem desconfigurado. Era um problema que podia ser jogado pra debaixo do tapete, ignorado. Só quando se tornou um grande problema é que o combati. E se não fossem os grandes problemas na vida, será que nós mudaríamos os nossos “defeitos de estimação” (aqueles que estão conosco por toda a vida, mas que consideramos inofensivos)?

Quantas e quantas pessoas não mudam por amor? (ou após o fim de um amor?) Quantas não repensam por completo a vida após uma tragédia, ou após perder tudo o que tinha? (ou achava que tinha)

Lembrei que a palavra Satan, em hebraico, é o opositor, o adversário, o que põe à prova.

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Tem gente que ignora o pensamento (justamente por parecer paradoxal) que Deus (como se ele fosse uma personalidade geniosa, e não um SISTEMA) infinitamente poderoso, mas que não consegue proteger toda a sua criação da influência de Satanás (nas Igrejas pintam ele com tantos poderes pra fazer o mal quanto Deus tem para fazer o bem).

Não percebem que Satan é o fermento. O reagente que nos faz evoluir (mas só a partir do momento em que nos confrontamos com ele). Infelizmente tem gente que, em vez de combater, se associa. Aí a “massa desanda”. É o caminho mais fácil, afinal existe uma sintonia de todos nós (que estamos nesse planeta) com o mal (ou não estaríamos aqui, creiam). Sintonia essa que precisamos expurgar de nosso padrão energético. Ora, quando você é um compulsivo por comida, você vai pra um SPA, onde há todo um controle para não entrar doces e massas. A pessoa até emagrece, mas ao sair dali vai ficar sendo tentada toda vez que ver comida. Quem adquiriu o entendimento: o diabético que olha pra uma torta e diz “não quero” ou aquele que diz “não posso”? O primeiro pode até ter passado por algum trauma relacionado à doença (amputação de perna ou derrame) enquanto o segundo só tem um conhecimento teórico dos problemas e ainda trava uma luta interna com os sentidos.

Agora vem a parte mais chocante das minhas conclusões: Se Deus é um sistema perfeito, e Satan está inserido neste sistema, e tendo em consideração que o “método Satan” é reconhecidamente o mais eficiente (e radical) para o aprendizado, então Satan é Divino. Segundo o Espiritismo, quando expiarmos os nossos defeitos mais grosseiros aqui na Terra poderemos ir pra outros planetas-escola (o nosso é considerado planeta hospital / prisão), mundos onde não há doenças, morte, fome e dor. É interessante a classificação do nosso planeta de hospital / prisão. Afinal, ninguém em sã consciência confina um doente, alguém que precisa de ajuda constante, e o isola do contato com o “mundo” a menos que ele tenha um vírus contagioso. Vocês devem saber como se combate um vírus…Então, se somos tratados com o mal em doses homeopáticas ou mesmo cavalares, qual a nossa doença??

Aquele que dentre vós esteja sem pecado que atire a primeira pedra.

João 8:7

Referência:
Saindo da Matrix – Livre arbítrio na Cabala

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celestia
celestia
11 fevereiro de 2006 9:30 pm

Somos nós mesmos que alimentamos Satã…
Deus permite que o façamos. Parece que não temos muita capacidade de aprender as coisas se não for dessa maneira.

Paulo Ricardo
Paulo Ricardo
20 dezembro de 2014 1:56 pm

As vezes paro para pensar nisso também: Porque tenho tanta facilidade aprender com a dor, e ainda mais chocante, de forma tão consciente. Paro para pensar extamente no momento da execução de algo no cotidiano e me pergunto, estou se fazendo com amor, se sinto prazer? E a resposta quase sempre é não, então percebo que internamente não estou aprendendo o tanto quanto poderia e para saudar o aprendizado, terei que passar pela dor, e curiosamente quando estou na dor, e faço a mesma pergunta, a surpresa: sinto-me aprendendo. Encontrei a chave e sinto isso, só que, gostaria de ver… Read more »

Titanico
Titanico
29 dezembro de 2014 1:11 pm

Paulo Ricardo, Sua dúvida não foi a mim direcionada, mas acredito que posso contribuir com debate. Os sentimentos de dor, orgulho, vaidade e afins, são mais nítidos em nossa vida (ou mais passíveis de serem sentidos) porque estamos ainda muito próximos deles. Já os sentimentos de amor, caridade, humildade, etc., parecem tão distantes de nossa vida porque conseguimos vislumbrar apenas os seus “conceitos”, as suas idéias, sendo difícil sua aplicação em um primeiro momento. Em termos de evolução mais ampla (intelectual e moral), estamos mais próximos de sentimentos desequilibrados do que dos elevados. Por isso é “fácil” sentir raiva e… Read more »

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