INFOGRÁFICO DAS RELIGIÕES

Por Rafael Gomes Moraes

Texto adaptado do livro “Jesus e sua doutrina”, de A. Laterre, editora Madras

Visualize por um momento, você, como um benévolo missionário, em expedição por terras distantes com o objetivo de disseminar a boa-nova de seu culto. Chegando a certo ponto, se vê diante de uma tribo de selvagens que cultuam e prestam homenagens a uma entidade abstrata, que é considerada Superior e Criadora do tudo.

Essa entidade, ou o Deus desta tribo é representado por um boneco de barro ordenado envolto a um templo rude, onde seus seguidores se mostram em êxtase ao som de batuque e ataques coletivos de histeria ao ouvir a mensagem do líder espiritual da tribo.

O que fará você, caro amigo missionário?

Certamente procurará com tempo e jeito, persuadir com fundamentos ideológicos a necessidade de evoluir um conceito primitivo a uma filosofia mais moderna, no caso, seu Deus, seja Jeová, Buda, Alá, Cristo ou o Monstro do Espaguete Voador.

É possível, com o tempo, que a tribo se convença do quão estúpido era a adoração daquele boneco de barro e adote o símbolo do missionário.

Admitamos, também, que ao longo do tempo, missionários de seu mesmo credo ou de diferentes, adentre e ensine com intervalos de tempo suficiente para que o pensamento de Deus verdadeiro se enraíze entre um missionário e outro na mente dos pobres selvagens.

O que acontecerá?

Ficará evidente, ao cabo de alguns anos, até mesmo séculos, que essa tribo que foi doutrinada pelo primeiro missionário (você!) sofrerá tamanhas revoluções na concepção do Deus proclamado que não mais será Um Deus, e sim vários Deus em uma filosofia de múltiplas interpretações.

Consideremos também, que em algum ponto da história das revoluções desta tribo, uma alma ou um grupo se tenha mantido fiel à doutrina de sua geração e tenha ensinado ela rigorosamente para seus filhos. O que acontecerá é que este grupo serão os fundamentalistas opositores das mudanças naturais que o tempo nos aguarda.

É, pois então, inquestionável, que essa variação natural do modo de conceber o “Deus único e verdadeiro” gere várias exegeses e consequentemente cismas por dividir o próprio Deus único em vários cultos e seitas inimigas, a ponto de se odiarem de morte.

Assim foi a gênese de todas religiões, mostrando evidentemente que religiões são reflexo de cismas e multiplicidade ideológica, não de um consenso unânime, mesmo aceitando que haja apenas Um Deus.

São tão variáveis as concepções de Deus único que os antropólogos tiveram que ordená-los em grupos para estudá-los. O Deus único e “verdadeiro” é representado em 5 grupos distintos e ao mesmo tempo complementares:

1. Deus como Entidade / Ser.
2. Deus como Substância.
3. Deus como Energia.
4. Deus como Fenômenos naturais.
5. Deus como Fenômenos psicológicos.

Do ponto de vista histórico critico, Deus como Fenômenos Psicológicos se mostra mais compreensível para entender as múltiplas exegeses. Esta premissa analítica também sofre com a divisão de sua concepção, já que por um lado há quem defender Deus como uma criação arbitrária humana (Ateísmo), e os que defendem que Deus é um fenômeno espontâneo da psique no desenvolvimento intelectual das comunidades primitivas. (ex: Psicanálise Junguiana).

Abaixo mostro um infográfico de minha autoria, e nele se encontra a relação entre as várias religiões do mundo. Estou sujeito a erros. Não tenho a pretensão de dizer que este infográfico é a verdade. Até o momento presente de meus estudos, estas são as melhores ligações que avaliei.

Infográfico das religiões
Clique para ampliar

Referência:
História das Religiões, de Filoramo, Giovanni, Massenzio, Marcello, Scarpi, Paolo, Raveri, Massimo;
Tratado de História das Religiões, de Mircea Eliade;
As Máscaras de Deus, de Joseph Campbell;
Filosofias da Índia, de Heinrich Zimmer;
Uma História de Deus, de Karen Armstrong;
Cronologia da História do Mundo

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Rafael Gomes Moraes
Rafael Gomes Moraes
19 junho de 2009 12:28 am

Obrigado a todos e, em especial ao Shaka que me ajudou atualizando.

E desculpa pelo monte de setas cruzadas rsrs, não consegui monta-lo de outra forma.

Namaste

Tiago ML
Tiago ML
18 junho de 2009 10:36 pm

A tentativa foi ótima! Acho que da pra visualizar legal.

Fellini
Fellini
19 junho de 2009 4:33 pm

Acid escreveu:
OFF
Se você achava o final do filme Magnólia muito inverossímil, expliquem essa:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1197948-5603,00-JAPAO+TENTA+ENTENDER+MISTERIOSA+CHUVA+DE+GIRINOS+EM+HIROSHIMA.html

Resp:

Com certeza a culpada é uma belezinha dessas:

http://www.publico.clix.pt/imagens.aspx/139818?tp=UH&db=IMAGENS

Adicione-se a isso o fato de Hiroshima ser uma cidade litoranea e a incapacidade dos metereologistas em detectar todas as ocorrencias que ocorrem sobre o mar.

Quanto ao rapaz atingido por um meteorito a explicação é bem simples:
Ele é azarado pra cacete.

Anônimo
Anônimo
19 junho de 2009 3:37 pm

Bem Acid, eu sugiro um esquema assim, ó:

http://www.mapsofwar.com/images/Religion.swf

😛

Felipe
Felipe
19 junho de 2009 12:41 am

Meu primeiro incômodo com o gráfico é ele ser terrívelmente teleológico já como ponto de partida. Mas vem cá, que diabos é ICAR?

Elielson
Elielson
20 junho de 2009 7:11 am

Pers,

Tá ligado naquele programa que passava muito antigamente, chamado: ACREDITE SE QUISER, com jack pallace acho…, então, totalmente fortiniano. Charles Roy Fort influenciou muita gente, até aquele filme, Magnólia.

Assiste que vc vai gostar.

Elielson
Elielson
20 junho de 2009 7:20 am

http://www.youtube.com/watch?v=hyT1KZju0BM

Nos videos relacionados tem um monte.

Acid
Acid
20 junho de 2009 12:26 pm

Os hebreus foram escravos no Egito durante muito tempo, antes de se tornarem um país com identidade religiosa própria, a ser compilada na Bíblia (antes só existia por tradição oral). Então aposto cinquentinha casado no chão que tem influência, sim. 😉
Obviamente eles detestaram os egípcios a ponto de não copiar nada descaradamente, mas uma característica interessante foi o pessoal que fez o bezerro de ouro enquanto Moisés estava ocupado lá com Deus. Eles com certeza achavam normal zoomorfizar Deus, assim como os egípcios. Degolada esta geração, deve ter sobrado alguma coisa mais discreta, de lembrança.

Acid
Acid
18 junho de 2009 6:56 pm

Eduardo, os parabéns são pro Rafael.

Bela, não tenho não.

Abraços

Lauro
Lauro
18 junho de 2009 7:21 pm

Bom, o conteudo esta bom, mas o grafico uma porcaria… Uma boa pedida para ajustes… =)

Eduardo Tomazett
Eduardo Tomazett
18 junho de 2009 4:54 pm

Acid, muito bom. Parabéns!

Klaus
Klaus
14 março de 2014 8:42 pm

Olá. Parabéns pelo infográfico. Peço sua permissão para utilizá-lo em um livro meu sobre religião. Adicionarei uma nota explicando que ele não é absoluto (por ser fruto de sua interpretação, como você mesmo disse) e creditando o trabalho a você. Fico no aguardo de sua resposta.

Thiago
Thiago
31 agosto de 2009 4:17 pm

Existe um equivoco com relação a Umbanda, as origens dela são melhores descritas nos livros de Ramatis – editora do conhecimento, totalmente equivocada essa origem descrita nesse gráfico.

All
All
29 junho de 2009 10:03 pm

Umbanda?

Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
18 junho de 2009 4:31 pm

Acho que se colocar do jeito que tu quer vai ficar desproporcional e não vai dar pra ler. Ele é muito grande pra adaptar… Só não entendo porque ficou com essa imagem meio chamuscada. Tenta salvar de novo em bitmap 24 e coloca de novo, aí não perde a qualidade…

Acid
Acid
18 junho de 2009 2:36 pm

E aí? Alguém aí conseguiria deixar o infográfico mais “limpo”, com visualização mais fácil e precisa, e que, de preferência, coubesse na largura 480 pixels?

Lord Mickey Mouse
Lord Mickey Mouse
18 junho de 2009 4:45 pm

Adorei o quadro , como dizia o verdadeiro ACID, isso está TOSCAMENTE ILUSTRADO. Mas o conteudo está coerente, se ouver erros é pouca coisa.

Bela
Bela
18 junho de 2009 5:19 pm

Oi, Acid!
Você está no twitter?
Abs
Bela

Philipp
Philipp
20 junho de 2009 11:51 am

Só uma duvida! quais são as influencias egipcias no judaismo ortodoxo?

Solius
Solius
19 junho de 2009 11:16 pm

“Certamente procurará com tempo e jeito, persuadir com fundamentos ideológicos a necessidade de evoluir um conceito primitivo a uma filosofia mais moderna, no caso, seu Deus, seja Jeová, Buda, Alá, Cristo ou o Monstro do Espaguete Voador.” Se estiverem em conformidade com as tradições, não haverá qualquer razão (provavelmente nem haverá espaço) para a pregação de “fundamentos ideológicos” de quaisquer doutrinas que seja. Há, porém, duas exceções: se o missionário for, não de uma religião autêntica, mas de alguma seita (neste caso ele tentará induzir a tal tribo a uma degeneração espiritual, e não me parece que será muito bem… Read more »

Pers
Pers
19 junho de 2009 11:10 pm

Estou com o “Livro dos Danados”, subtítulo “Verdadeiro Caos de Fatos Insólitos”, de Charles Fort. Trata-se de coletânea de fenômenos à margem da normalidade, escrito, acho, no início do século XX. Dezenas de páginas (ao menos 50) são dedicadas a chuvas estranhas: sangue, peixes vivos, areia, matérias orgânicas diversas, carne, chuvas negras, pedaços metálicos, pano, substâncias não identificadas, grãos, enxofre, areia, sal… Anedota ? contos de populares ? Não, tudo recolhido em reportagens de jornais e periódicos, New York Times, Scientific American, Montly Wheather Review, Annals of Philosophy, dezenas de outros… mas tudo no século XIX, início do século XX,… Read more »

Cristoph
Cristoph
19 junho de 2009 11:51 am

Luciferianismo deriva de wicca?! Acho q nao hein…

Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
19 junho de 2009 11:45 am

Mohammed teve muitos contatos com monges católicos, afinal, a única Igreja naquela época era a Católica, e essa era a única maneira de Mohammed ter conhecimento de Jesus, afinal, para os judeus naquela época Jesus não passava de uma agitador…

bela
bela
19 junho de 2009 9:26 am

não sabia q o islamismo vinha da ICAR…surpreende!

Rafael Gomes Moraes
Rafael Gomes Moraes
19 junho de 2009 1:23 am

Felipe,
ICAR = Igreja Católica Apostólica Romana

Tyla
Tyla
19 junho de 2009 12:50 am

É… acredito que lembre de mim (ou não), do aniversario dele XD

agora eu entendo de onde vem tanta criatividade e intelectualismo

e rlz, Monstro do Espaguete Voador.

Christian
Christian
22 junho de 2009 3:21 am

Viajei!

Eduardo Marques
Eduardo Marques
22 junho de 2009 11:18 am

Muito bom!!!

billy shears
billy shears
23 junho de 2009 11:34 pm

A busca por respostas que nos levem a saber quem somos e porque estamos aqui, acompanha o ser humano durante toda a sua vida e também a história do homem neste planeta. Daí se criaram religiões e tudo aquilo de bom e de ruim que as acompanham: guerras, benfeitorias, perseguições, paz, etc. Mas a busca não conduz a respostas no fim e isso nos angustia, nos trazendo um senso de provisoriedade neste mundo, combinado com uma sensação de finitude. Então: buscar o que? não seria mais racional apenas viver? Ou seja, viver em comunhão com Deus – O Criador –… Read more »

Túlio
Túlio
21 junho de 2009 10:15 pm

Parabéns, Rafael e ajudantes. Belo trabalho!

Vina
Vina
20 junho de 2009 1:41 pm

Muito bom mesmo , os leitores estão mandando muito bem ! Um abraçoo

Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
Shaka Kama-Hari/ Rafael Vilaça
20 junho de 2009 12:47 pm

E completando o Acid, por que acha que a serpente é o símbolo do mal, sendo o Gênesis escrito após a libertação dos hebreus? Qualquer coisa que lembrasse o Egito tinha que ser detestada: imagens de Deus, monumentos ou símbolos, a serpente, símbolo do Faraó e outras coisas. Mas por exemplo: A prática de usar incenso nos rituais foi tirada dos egípcios, o Urim e Tumim também foi copiada. Era a técnica de adivinhar a vontade de Deus, hoje, os búzios… Acho que vemos uma cena dessa adivinhação no filme “O Príncipe do Egito”. Nenhuma cultura é 100% original vinda… Read more »

mmachado
mmachado
19 junho de 2009 8:25 pm

Muito bom, mas faltam algumas ligações: Por exemplo a Maçonaria e a Rosacruz deveria estar de alguma forma ligadas aos cabalistas, ao zoroatrismo, aos pitagóricos, aos mistérios de Elêusis (que não vi no gráfico)entre outros, já que são um mosaico de várias Escolas de Mistérios…mas como idéia geral está muito bem feito…parabéns

Ex Pringles
Ex Pringles
19 junho de 2009 7:08 pm

e Os qUe MoRreram Na chEGada Não mE prEocuPam

Ex Pringles
Ex Pringles
19 junho de 2009 7:05 pm

nÃO SÃo girInos

Fellini
Fellini
19 junho de 2009 5:09 pm

Acid
Sapo no mar, Fellini?

Resp:
A tromba dagua pode ter passado por uma região de mangue que é um berçario natural de peixes e anfibios. O poder de sucção dessa “coisa” seria suficiente para levar esses gerinos para cima e tudo que sobe tem que descer. 🙂

A matéria é muito superficial para se fazer um comentário mais preciso, mas com certeza não é nada sobrenatural.

Anônimo
Anônimo
19 junho de 2009 5:04 pm

off
Eu tb quero contribuir para o infográfico!
Não é muito, mas foi o que consegui 🙂comment image

😛
rs

Acid
Acid
19 junho de 2009 4:40 pm

Sapo no mar, Fellini?

S.S.Q.pergunte
S.S.Q.pergunte
19 junho de 2009 2:36 pm

Texto muito Bom.

Eu colocaria um circulo branco vazio no meio do esquema.

Faça a sua interpretação:
http://tecnologia.pt.msn.com/noticias/article.aspx?cp-documentid=148017896

Acid
Acid
19 junho de 2009 12:44 pm

OFF
Se você achava o final do filme Magnólia muito inverossímil, expliquem essa:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1197948-5603,00-JAPAO+TENTA+ENTENDER+MISTERIOSA+CHUVA+DE+GIRINOS+EM+HIROSHIMA.html

billy shears
billy shears
24 junho de 2009 12:35 am

Para complementar o que eu disse:

http://www.youtube.com/watch?v=CDTGZOf1N6U

Mais um rock para nos divertir…rs

Falou…

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