FIM DE ANO

O Ano novo chega, e com ele a vontade de melhorar, de buscar novos horizontes, de atingir novos patamares. Mas, por que esperar o começo de um ano pra começar? Por que estabelecer um ponto de partida, se não teremos um fim? Estamos num eterno recomeço, um incessante ir e vir que nos prende a um determinado espaço, uma determinada frequência vibratória, um determinado tempo, tempo esse compartilhado por tudo e todos à nossa volta, e essa ilusão coletiva nos une, nos faz sentir que isso aqui é real, é palpável, que EXISTE. E que, de certa forma, existe, mas como prisão dos sentidos.

O que podemos fazer é transcender nossas limitações, mergulhar no TODO com nossa mente (que é a ilusão que nos separa da grande ilusão que é o TODO). É o Samadhi, é o começo do Despertar. Um estado de êxtase e deslumbramento, um aperitivo pra que você busque cada vez mais a integração com o TODO, por meio de uma conduta que conduza ao fluxo (Dharma), ao bem-comum, e aí então, com o passar do tempo, já não será preciso mergulhar no TODO, pois você já estará integrado ao mesmo. É o Nirvana, a aquietação dos sentidos, a “assimilação do sistema”. É o momento em que paramos de lutar, de sermos reativos. Já não precisaremos ser um indivíduo, pois não haverá mais separação.

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Deixaremos então de ser nós mesmos? Sim, se você acha que é apenas um corpo, ou sua persona. Não é o mar que cai na gota da chuva (que já foi mar), e sim a gota que volta pro mar. A gota deixará de ser gota, pois não terá a forma que a caracteriza, mas seu conteúdo (água) estará ali, fluindo e influindo, acrescentando ao mar toda a informação que trouxe consigo e, embora ela seja ínfima, temos que considerar que, se todas as gotas não voltassem pro mar, ele – mesmo com sua atual imensidão – não mais existiria.

Talvez não exista nada fora disso, mas estamos nos reciclando como criaturas o tempo todo. Ajam como as gotas do mar, como se não tivessem começo, meio ou fim. Os erros serão eternos. Os acertos, também. Tudo o que podemos fazer é transmutar erros em acertos, e acertos em erros, e é isso que estamos fazendo o tempo todo. E não é preciso um novo ano pra começar, com consciência, essa transmutação.

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