Apesar de morar em Pernambuco, nunca fui visitar o teatro ao ar livre “A paixão de Cristo de Nova Jerusalém“. Todo mundo diz que é ótimo pelo visual… tenho curiosidade, quem sabe vou ano que vem… Mas a procissão que eu queria ver mesmo foi descrita por Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado, que narra uma daquelas procissões de interior que terminou de um jeito bastante original:
Transcrevo um trechinho do final, pra vocês curtirem:
…Quincas conduzindo a Cruz, foi num foi advertia o centurião perverso que com força lhe batia. Era pra bater maneiro. Bastião num entendia, devido um grande pifão que tomou naquele dia.
Cristo dizia: “Ô rapaz! Vê se bate devagar! Já tô todo encalombado. Assim num vou aguentar. Tá c’a gota pra doer. Ô tu pára de bater ou a gente vai brigar! Jogo já essa cruz fora. Tô ficando aperreado. Vou morrer antes da hora de ficar crucificado!”
O pior é que o malvado fingia que num ouvia. E além de bater com força ainda se divertia. Espiava pra Jesus, fazia pouco e dizia: “Que Cristo frouxo é você que chora na procissão? Jesus pelo que se sabe num era mole assim não! Eu tô batendo com pena. Tu vai ver o que é bom! Na subida da ladeira da venda de Fenelon o couro vai ser dobrado! Até chegar no mercado a cuíca muda o tom.”
Naquele momento ouviu-se um grito na multidão. Era Quincas que, com raiva, sacudiu a cruz no chão, e partiu feito um maluco pra cima de Bastião. Se travaram no tabefe, pontapé e cabeçada. Madalena levou queda. Pilatos levou pancada. Deram um cacete em Caifás que até hoje não faz nem sente gosto de nada!