EXPANSÃO E CONTRAÇÃO

Assim como o mar tem seu ciclo de expansão e contração, devemos saber dosar nossos estudos também.

No meu caso, expandi meu campo de estudos para todas as áreas místicas, religiosas e filosóficas possíveis. Fragmentei minha mente, na tentativa de buscar a Unidade. Agora devo recolher-me ao meu cérebro para processar todas essas informações.

Um dos efeitos colaterais de tudo isso foi o começo da aniquilação do ego. Sinceramente, já não sei mais quem eu sou. Sinto-me como se fosse todos e não fosse ninguém. Isso foi buscado propositalmente, mas esqueci de fazer minhas bases em terreno sólido. Ainda sou imperfeito, e pela Lei de Afinidade… Bem, digamos que é perigoso ficar com a cabeça nas nuvens e descuidar da sua vida material. Por isso que o Cabalista tem a obrigação de ter uma família, filhos, uma boa estrutura montada pra ancorá-lo aqui na Terra. Não sou Cabalista, mas aconteceu de eu querer ir embora antes do tempo (hehehe). Felizmente tive a bênção de ser liberto de um peso energético que eu mesmo atraí. Agora pretendo não atraí-lo novamente jamais e, para isso preciso buscar meu centro, me tornar minha própria fortaleza.

Todo desequilíbrio traz a desarmonia. Quando a balança pende demais para um lado, é preciso uma força (peso) em maior intensidade no outro lado para poder reaver a estabilidade. Por isso vou tomar um bom “banho de Matrix” pra ver se fico um tanto quanto fútil. 😛

Outra providência vai ser centrar meus estudos na cultura Hindu, pra tentar buscar uma interação mental com meus guias e assim facilitar meu “tratamento”.

Isso tudo me lembrou uma frase que minha colega Hobbit gosta muito. Algo como “Aprenda tudo o que puder e depois esqueça tudo o que aprendeu”. Fui procurar sua origem e me deparei com a interessante história do Mestre Saraha, que iniciou a tradição tântrica:

Sahara era filho de um erudito brâmane que pertencia à corte do rei, mas queria renunciar a tudo, pois queria se tornar um Sannyasin, um buscador da verdade. Ele tornou-se discípulo de Sri Kirti, da linhagem direta de Buda. A primeira coisa que Sri Kirti disse foi: “Esqueça tudo o que aprendeu até agora, todos os seus conhecimentos sobre os Vedas, todas essas coisas sem sentido”.

E essa foi uma das maiores renúncias, pois como poderia renunciar a algo que estava dentro dele? Mas Saraha estava pronto e, com o passar dos anos, pouco a pouco, foi apagando todo o conhecimento que tinha e passou a ser um grande meditador.

Um dia, enquanto meditava, Saraha teve uma visão repentina, de que havia uma mulher no mercado público que viria a ser sua verdadeira instrutora. Levantou-se e Sri Kirti perguntou: “Para onde você está indo?” e ele respondeu: “Você tirou meus conhecimentos, limpou a minha lousa e realizou metade do trabalho; agora estou pronto para a outra metade.” O Mestre abençoou-o ele partiu.

Ele foi para o mercado e lá ficou surpreso; realmente encontrou a mulher que havia visto em sua visão. Ela era uma fabricante de flechas, uma mulher de baixa casta e, para Saraha, que era um brâmane famoso, seguir uma ferreira era simbólico – o erudito tem que ir de encontro ao vital, ao real. Ela não era uma mulher de filosofia, era uma mulher de ação.

Então ele perguntou se ela era uma ferreira profissional e a mulher riu em voz alta, dando uma gargalhada selvagem e disse: “Você é um brâmane estúpido! Você abandonou os Vedas, mas agora vive adorando os ensinamentos de Buda. Qual o sentido disso? Você trocou seus livros, trocou sua filosofia, mas permanece o mesmo homem estúpido” – Saraha ficou muito chocado porque ninguém nunca tinha falado com ele dessa forma! Apenas uma mulher ignorante falaria assim!

E ela continuou, apontando para o manto amarelo de Saraha, que era um traje de monge budista, dizendo:
O significado dos ensinamentos de Buda só pode ser conhecido através da ação, não através de palavras, não através de livros; não desperdice mais nenhum tempo nessa busca inútil. Venha, siga-me!

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Cecília Gomes
Cecília Gomes
31 maio de 2007 7:05 pm

Quanto mais eu leio mais me torno sã e ao mesmo tempo perdida. O mundo a nossa volta não é mais o mesmo.Nossos olhos vêem a realidade teórica que agora é empregada no dia a dia. Nos tornamos vários, pois somos aquele que estuda e aquele pratica a ação da vida. Mas tudo isso ao mesmo tempo que parece abrir nossas mentes, acaba nos complicando já que são muitos os ensinamentos e informações a serem empregados em nossa vida. Nos perdemos dentro de nós mesmos e nos achamos em relação ao universo. Por isso ler é compreender e viver é… Read more »

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