O VASO

Versão adaptada por Roberto Shinyashiki

Certo dia, num mosteiro zen-budista, com a morte do guardião foi preciso encontrar um substituto. O grande Mestre convocou então todos os discípulos para determinar quem seria o novo sentinela. O Mestre, com muita tranquilidade, falou:
– “Assumirá o posto o primeiro monge que resolver o problema que vou apresentar.”

Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e disse apenas:

vaso zen

– “Aqui está o problema!” Todos ficaram olhando a cena. O vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro. O que representaria? O que fazer? Qual o enigma?

samurai monge espada

Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e … ZAPT … destruiu tudo, com um só golpe. Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse:

– “Você será o novo Guardião do Castelo.”

Moral da História: Não importa qual o problema. Nem que seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado. Um problema é um problema. Mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um grande amor que se acabou. Por mais lindo que seja ou, tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, tem que ser suprimido.

Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam um espaço inútil em seus corações e mentes. Espaço esse indispensável para recriar a vida. Existe um provérbio oriental que diz: “Para você beber vinho numa taça cheia de chá é necessário primeiro jogar o chá fora, para então, beber o vinho.”

Ou seja, para aprender o novo, é essencial desaprender o velho.

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Edson
Edson
19 outubro de 2004 6:06 pm

Se o problema tem solução pra que se preocupar. Se o problema não tem solução pra que se preocupar. 🙂

Sidnei Rosin Rosa Junior
Sidnei Rosin Rosa Junior
8 fevereiro de 2005 1:57 pm

Maravilhosa história….Muitas pessoas vivem sofrendo por amores perdidos, por desgraças em suas vidas….pq não conseguem se desvencilhar do passado mas esta história é uma lição que nos ensina a esquecer o que nos faz sofrer…mas as pessoas dizem: “é facil dizer”mas é dificil fazer….engano delas…pq o pensamento é criador…e se vc criar tristeza vc tera um inferno dentro de vc….então substitua seus pensamentos do passado que fizeram vc sofrer…esqueça aquela pessoa que te fez sofrer…ela não faz mais parte de sua vida….enquanto vc ficar segurando seus passado vc ira sofrer…aprenda com seus erros e não fique sofrendo com eles…seja dono… Read more »

Abner Souza
Abner Souza
12 março de 2005 3:36 am

Gosto muito da frase “UM PROBLEMA É UM PROBLEMA”. ..mas talvez eu não concorde muito com ela. Gostaria de dizer que um problema nos trás experências que as vezes nem podemos imaginar. Gostaria de ser objetivo e não ficar enrolando.. fiz uma viagem ao tibet à cerca de 2 meses atrás, o lugar na minha opinião é muito lindo, com paisagens incriveis, bom.. em um belo dia de “tour”, estava andando e fotografando tudo, uma homem sentado ao chão agarrou minha mão e disse que meu pai estava prestes a morrer na UTI de um hospital aqui no brasil. Eu… Read more »

Abner Souza
Abner Souza
12 março de 2005 3:39 am

Correção…

Era uma mulher sentada ao chão..
não sei porque escrevi homem !

obrigado

tiza
tiza
12 março de 2005 9:24 am

Puxa ,acho que não sairia de perto dela até apreender o que ela sabia…e a verdade é que há mais mistérios entre o céu e a terra do que supomos ..ela jogou muitos vasos ainda preciosos para nós ,por terra quebrando inclusive quebrando o nosso vaso belo e conhecido de vencer distâncias pelo ar ,naquela momento ele seria outro problema; já que não poderia te trazer a tempo, ele não resolveria seu problema naquela situação e vc continuaria vendo-o como ùnica opção ,e aceitaria o fato de ser-lhe impossível ver seu pai. Amo esta frase ;” não lhe disseram que… Read more »

Tiago
Tiago
14 março de 2005 10:28 pm

Eu acho, na minha humilde opinião, que quebrar o vaso demonstrou que o cara sabia da representação do vaso que era a complicação inútil das nossas vidas. A gente complica as coisas mais simples. Um vaso seria um simples vaso. Uma simples flor seria apenas uma flor. As coisas são bem mais simples do que pensamos. Os problemas são pequenos e devemos APENAS resolvê-lo. Não acham…?
PARABÉNS, galera. Estou curtindo muito seus comentários. Vários pontos de vista, vários valores nobres vindos de diversos lugares e fontes inspiratórias. Brigadão pelo conhecimento.

ed
ed
17 março de 2005 8:42 am

Nota importante: este texto, ao menos nesta redação, é conhecido como “O Guardião do Templo”, de Roberto Shinyashiki.

Rebeca
Rebeca
21 março de 2005 8:12 pm

Na minha humilde opiniao, acredito que o maior problema nesse texto nao seria o vaso belissimo, e sim a ordem do mestre. Porque aquele vaso com a rosa seria um problema ? aparetemente problema algum, entao a questao foi a ordem do mestre.

Clara
Clara
14 abril de 2005 11:44 am

É uma pena o ser humano possuir uma certa possessividade perante o que não tem mais futuro. Como disse Drummond, é só uma questão de “dar-lhes moldura de granito”.
Estou tentando beber o vinho…

sonia regina mello
sonia regina mello
25 abril de 2005 6:06 pm

Bonito, mas complicado de colocar em prática. Além disso, os sentimentos reprimidos geram angústia, não é fácil apagar nossos apegos da mente. Mas, se alguém souber como, me avise!!

zaleph
zaleph
7 maio de 2005 10:34 pm

Abner, uma experiência de transmutação? nunca tinha ouvido antes. Deve ser assustador.
Será que a física moderna consegue explicar? A ciência tem se desfeito de antigos (pré)conceitos, graças ao estudo do átomo e da teoria da relatividade. Quem sabe não exista uma teoria que se aplique a isso?

Joana Darc
Joana Darc
28 maio de 2005 10:02 pm

Aí é que tá o problema, como deixar de carregar esse “defunto”.

Daniel
Daniel
21 junho de 2005 1:43 pm

Se o seu problema tem solução, então não há com o que se preocupar. E se o seu problema não tem solução, toda preocupação será em vão.

Sergio
Sergio
17 julho de 2005 3:20 pm

Olha,c ferradura desse sorte,cavalo num puxava carroça.

Dirac
Dirac
16 agosto de 2005 3:15 pm

Acho que os problemas são a razão das nossas vidas

Samir
Samir
5 outubro de 2005 1:00 pm

Confucio ensinou: “Quem faz o que gosta jamais trabalhará” ou seja quando a pessoa coloca amor em tudo que faz não há problemas para ela. Qualquer problema quando visto com olhos físicos pode parecer tremendamente grande, entretanto quando visto com olhos da mente tendo-se a convicção de ser um como o Todo (Deus/Buda/Tao etc.)todas as peças se encaixam de forma harmoniosa.

abigail
abigail
15 outubro de 2005 4:19 pm

Somente aquele monge incapaz de perceber a beleza do vaso e da flor
tinha suficiente insensibilidade para fazer as vezes de guarda(atividade mais “básica”).
Sendo o mosteiro um local de meditação e contemplação, todo aquele que não estivesse vocacionado para esse fim, só poderia zelar pela segurança ou manutenção do local. O problema, portanto, era o monge, que não tinha a natureza dos demais.Como personalidade problema, deveria seguir suas diferentes aptidões sem atrapalhar os demais .

Viajante
Viajante
25 janeiro de 2005 3:06 am

MAGNIFICO !!!!! Esse é o melhor site que ja entrei nessa vida to viajando ate agora !!!!

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
28 dezembro de 2004 1:53 pm

Uau! 😯
Taí um ponto de vista interessante. Obrigado, Miriam!

miriam
miriam
28 dezembro de 2004 12:18 pm

Na Bíblia há uma proposta semelhante: Se sua mão o faz pecar, corte-a!. A referência simbólica, neste caso, é ao hábito de roubar, pensamos nós nesse tempo. Mas há quem entenda que o sentido literal seja válido. Pensar sobre o que foi dito (e o Mestre disse ao seu modo mestre)é uma questão de como cada um dos discípulos percebe o que vê. O discipulo que golpeia vê na cena o ato que requer a função de guardar o templo. Não sabemos como os outros discípulos viam a cena, nem que outras soluções poderiam advir. Mas se o entendimento é… Read more »

Liza
Liza
19 outubro de 2004 6:32 pm

Desculpem-me se fugi do assunto abordado no post.
Talvez eu tenha que estudar ao invés de apenas ler sobre o Budismo, para ter um melhor entendimento.

Tormenta Solar Azul
Tormenta Solar Azul
19 outubro de 2004 1:22 pm

Mas se as coisas foram importante no passado, podem ser consideradas inúteis no presente? Não aprendemos com o passado de forma que ele nos ajuda a construir o futuro… Leia este último parágrafo da música ” A vida é um desafio ” – Racionais Mcs GERALMENTE QUANDO OS PROBLEMAS APARECEM A GENTE ESTÁ DESPREVENIDO NÉ NÃO ERRADO É VOCÊ QUE PERDEU O CONTROLE DA SITUAÇÃO PERDEU A CAPACIDADE DE CONTROLAR OS DESAFIOS PRINCIPALMENTE QUANDO A GENTE FOGE DA LIÇÕES QUE A VIDA COLOCA NA NOSSA FRENTE VOCÊ SE ACHA SEMPRE INCAPAZ DE RESOLVER SE ACOVARDA MORO O PENSAMENTO É A… Read more »

Elizabeth
Elizabeth
19 outubro de 2004 1:44 pm

Tormenta, a questão é não viver no passado. Do passado.
Lógico que o que aprendemos, as lições, trazemos conosco.
O presente, essa dádiva, deve ser vivido a valer! Sem mesuras, sem fardos, independente.
É claro que os problemas devem ser extirpados! E o q de bom se aprende, é latente.

Radical Chic
Radical Chic
19 outubro de 2004 2:00 pm

Eu também acredito que nada do que vivemos é em vão… Se eu pudesse voltar atrás, talvez não tivesse feito o monte de besteiras que fiz, mas sei que o resultado não seria o mesmo. Com certeza eu não seria a pessoa que sou hoje. Mas até com as pessoas erradas eu aprendi muito… de algumas eu me afastei “fisicamente”. Outras ainda continuam no meu convívio, mas não me servem mais amigas confidentes que foram em outro tempo. Aquilo ficou no passado, a relação agora é outra. E ainda tem aquele gostar meio masoquista… que vc sabe que a pessoa… Read more »

Liza
Liza
19 outubro de 2004 2:49 pm

Existem problemas e problemas, uns fáceis de superar outros nem tanto.
Vai depender de um esforço pessoal deixar tudo no passado.
Não é fácil.
Mas eu acho que ainda se pode tirar algum aprendizado de tudo e tocar a vida pra frente, com tudo que ela tem de bom e maravilhoso a oferecer.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
19 outubro de 2004 2:50 pm

Algo que deve ficar claro para o entendimento do post é a apresentação do vaso: por mais bonito e cobiçado que seja, ele É o problema na questão. É uma pegadinha para os sentidos: você só vê beleza, delicadeza, não lhe parece um problema, mas ESTÁ como uma condição problemática. Isso é ver além dos sentidos, do ego. Aprender com o passado é ESSENCIAL. Se puséssemos isso em prática não estaríamos repetindo velhos erros (no máximo novos erros, o que acaba contribuindo pra nossa evolução). Só não podemos nos apegar ao passado ao ponto de tornar isso um entrave para… Read more »

Leo
Leo
19 outubro de 2004 3:22 pm

Como vo todos deste lugar??
E então Acid quer dizer q vc leu “iluminação-guia prático” do leo goof(o sobrenome não me lembro)estas frases estão lá também.
Amor a todos os seres….e um abraço

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
19 outubro de 2004 3:51 pm

Talvez seja Leonardo Boff.Não, não li. Há tanto pra ler, e tão pouco tempo… 🙂

E há muito mais pra se botar em prática.

Pomegranate
Pomegranate
19 outubro de 2004 7:03 pm

“Um problema é um problema”. Eu gosto muito deste texto e o cerne da questão é frase em destaque. O primeiro desafio é sempre o de identificar o problema – olhar para a causa, e não para o efeito. Embora óbvio, as pessoas se perdem e deixar de fazer o que deveriam ou atacam o ponto errado da questão. Depois vem a história do “mas”… a gente tem o hábito de acrescentar um “mas” em toda a frase que identifica um problema e este “mas” faz toda a diferença, pois é a desculpa para que as coisas permaneçam como estão… Read more »

Roseli
Roseli
19 outubro de 2004 9:09 pm

Acho que o vaso também deveria ter sido quebrado…

Radical Chic
Radical Chic
20 outubro de 2004 10:42 am

Ué Roseli… O vaso foi quebrado! Eu considero um problema aquilo que começa a pesar (mais do que deveria) nas suas decisões, na sua evolução. Algo que está te impedindo de crescer, seja de que forma for. Por exemplo, um marido que não admite que a mulher estude ou trabalhe, é um problema. Deixará de ser um problema se ceder e contribuir para a evolução da esposa… mas se for irredutível, é um problema! Mas aí entra a parte difícil… o envolvimento emocional. E vc vai se adaptando e sufocando seus desejos para manter a relação (que por essa falta… Read more »

Roseli
Roseli
20 outubro de 2004 11:50 pm

Pessoal, desculpe a nossa falha, mas quando estava lendo o texto criei uma imagem mental de um Samurai podando um girassol, e esta imagem permaneceu. Depois lendo os comentários achei o papo muito cabeça e resolvi fazer uma piadinha, porque estava de bom humor, ouvindo Raul Seixas.
Radical Chic, valeu. O engraçado é que vc respondeu, e por “coincidencia” hoje, do nada, estava pensando neste blog, no quanto ele é rico, especial, e pensei em voce, imaginando como seria (a eterna mania da imagem mental).
Edson, concordo contigo.

Ði Ana
Ði Ana
21 outubro de 2004 12:09 am

Se a dor é inevitável e o sofrimento, opcional, então:

quebremos o vaso,
arrasemos com a pobre flor, degolemos o mestre por ter criado o impasse para uma escolha,
e não nos esqueçamos de eliminar os monges restantes.

Ah, também destruímos o mosteiro, o pivô da questão, por que tudo começou a partir da existência dele.

E assim são findos todos os problemas inclusive com o suicídio posterior do guardião escolhido.

Seria esse o Caminho do Meio?

Arqueira, em dúvida, vai meditar a respeito.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
21 outubro de 2004 12:33 am

Os monges eram um problema? O templo talvez se tornasse, quanto mais liberta vc estivesse. Até o tempo em que seu ego fosse o impasse final…

metáforas, metáforas…

Bluemoon
Bluemoon
23 outubro de 2004 10:07 pm

Oi Acid, só hoje li este post. Parece que meus posts andaram lhe servindo com farto material, não? Afinal, este aqui foi pra mim de certa forma, não foi? E pode ficar sossegado, pois “captei a vossa mensagem amado mestre” 😉 , como diria o Rolando Lero…

Anônimo
Anônimo
24 outubro de 2004 11:03 am

O problema,é que nada é suprimido da nossa vida,ou seja da nossa memória,mas acho que para aprender o novo, o essencial é saber que nada é definitivo e a medida que vamos sabendo mais coisas sõbre um determinado assunto,vamos tendo uma noçaõ diferente sõbre êle.Uma vez li alguma coisa sôbre relacionamentos que dizia que nunca um rompimento com uma determinada pessoa é definitivo.Por exemplo,mais tarde nesta encarnação ou na outra,o relacionamento poderá ser reatado,porque as pessoas mudam a maneira de pensar e as mágoas tendem a desaparecer.Nunca nada,ficará definitivamente apagado.Agora,é claro que a pessoa em questão,tomou uma atitude ,porque identificou… Read more »

abigail
abigail
15 outubro de 2005 4:26 pm

continuando, a conclusão extraída da parábola talvez não tenha apreciado devidamente a circunstância.Se eu estiver no meu meio alguém de estreita convivência capaz de destruir tudo o que seja belo e valioso apenas por entender que isso seja um problema, é melhor que eu o tenha como amigo e guardião, suponho.

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