O JUNCO E O CIPRESTE

Por D. Guillermo Gana

cipreste

Ao Lúgubre cipreste em voz plangente
O junco melancólico dizia:
— Que triste sorte a minha!
Ergui-me tão alegre e tão contente
Quando a alvorada vinha!
E já sem força e já sem energia
Curvo a cabeça… E lânguido e sozinho
Sinto que vou morrer. Ah! por que a sorte
Dando-te vida, só me guarda morte?

E o cipreste dizia:
A dor foi sempre eterna,
Mas a fortuna só perdura um dia!

E o junco respondia:
Em ti simbolizaram a tristeza,
Em mim somente o anelo
Dos que no amor esperam.
Como é que nunca dobras a cabeça,
Nem a raiva das chuvas e dos ventos
A cor sequer te alteram?

Daqueles que de tudo desesperam
Para lembrar a lúgubre aflição,
Só existe uma cor, disse o cipreste…
E se jamais tu viste
Curvar minha folhagem para o chão…
É que desprezo o mundo baixo e triste
E mergulho a cabeça n’amplidão.


Por outro lado, o Tai Chi Chuan mostra a superioridade do suave sobre o rígido. Conta-se que um carvalho ridicularizava o junco. Logo veio uma violenta tempestade e o carvalho foi abatido. O junco, com sua flexibilidade, curvou-se para a tempestade e, no dia seguinte, apresentava-se como se nada tivesse acontecido. O destino do rígido e inflexível é quebrar.

É por isso que o bambu também é admirado, simbolizando o vazio e a retidão. O bambu é flexível, apesar de forte; ele reverencia o vento que o toca com música, ele se dobra às tempestades, mostrando-nos que quanto menos um ser se opuser à realidade da vida, mais resistente se tornará para vivê-la em sua plenitude. Não é um escapismo, haja vista que o bambu praticamente não sai do seu lugar, mas um contorno inteligente da situação de modo que nem o bambu nem o vento saiam prejudicados.

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Shaolin Monk
Shaolin Monk
6 fevereiro de 2006 5:48 pm

No Tai Chi Chuan a suavidade representa a naturalidade do ser. Estando com a mente pacífica pode-se tomar decisões mais acertadas. No físico a Chi (Energia) flui livremente pelos meridianos propciando clareza e bem estar. Não há vencidos ou perdedores, apenas pessoas que “ainda” não se soltaram do modo artificial de ser (Rigidez). Na luta do Taijiquan pode-se usar a força do adverssário contra ele mesmo e o derrotar rapidamente, na vida a rigidez que o outro coloca, nem sai dele edurecendo-lhe as artérias por exemplo.

Susie Sun
Susie Sun
6 fevereiro de 2006 11:11 pm

…ou molde-se como a água, a partir de sua fonte, que vai se adapatando a todos os lugares por onde passa até chegar ao seu destino.///

“Um Homem, que nunca tinha visto água, ao ser atirado dentro dela de olhos vedados, sente-a.Quando se-lhe retira a venda, sabe o que é. Até então, só a conhecia por seu efeito.” (Rumi, Fihi Ma Fihi – sufismo)

Tenha uma ótima terça Acid! Abraço de urso Susie

Cris
Cris
6 fevereiro de 2006 11:26 pm

Oie…hum, parece que teremos comentários ligths dessa vez…depois vou olhar de novo, pra confirmar.
flexibilidade é o caminho do meio.
Att.

Cleiton Gustavo Elger
Cleiton Gustavo Elger
7 fevereiro de 2006 12:37 am

Oi. Primeira vez que comento. Interessante a linha de pensamento do texto. Dá pra ser aplicado na real. Parabéns pela escolha. Adoro o site.

Bruno H.
Bruno H.
7 fevereiro de 2006 1:03 am

Legal isso.
O Acid postou duas situações antíteses, e das duas se pode tirar uma “lição”.

Isso mostra que, de qualquer situação se pode tirar algo de bom. Depende dos olhos das pessoas. Sempre.

Radical Chic
Radical Chic
7 fevereiro de 2006 9:25 am

Na cultura Celta: “A firmeza da teia da Tarântula se baseia na flexibilidade”.

Essa aranha sempre prende sua teia em base flexível (ponta de grama, galhos finos). Se a base fosse rígida, ao primeiro vento a teia quebraria.

Íris
Íris
7 fevereiro de 2006 10:00 am

Nos primeiros cinco anos, não se observa nenhum crescimento real do bambu. Apenas uma fina haste. No entanto, nas profundezas, suas raízes se desenvolvem. Em mais cinco anos, o bambu é capaz de crescer mais de 25 metros. Por fora, é rígido e resistente aos golpes. Por dentro, é flexível e apresenta espaço para crescer. Dizem que os homens são como os cocos, o exterior rude e áspero, o interior macio e doce. Quanto maior a árvore, mais profundas são suas raízes. É necessário mergulharmos na escuridão de nosso ser, e ao tatearmos no escuro, encontrar a saída.
Bjos.

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