JESUS CRISTO SUPERSTAR

jesus cristo superstar1

O melhor filme sobre Jesus, o que mudou completamente o modo como eu via esse mito, não foi A última tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese (embora tenha sido EXCELENTE, e o recomendo a qualquer um que queira quebrar paradigmas religiosos), mas sim um musical dos anos 70: Jesus Cristo Superstar. Lembro-me que o vi quando ainda morava no Acre, tarde da noite, com meus 11, 12 anos. Nessa época eu já tinha toda uma visão bíblica de Jesus que me foi passada em vários anos de idas a escolas dominicais. Só que bem cedo eu percebi que havia uma lacuna, uma discrepância entre a imagem do Jesus que nos era vendida na Igreja e a minha interpretação do que eu lia na Bíblia por conta própria. Era tudo tão cheio de “fantasias” (o mundo da simbologia me era desconhecido) e pouca profundidade (talvez por ser criança, nunca explicavam porque perseguiam tanto o pobre do Jesus… só que as pessoas crescem e continuam sem questionar, e a desinformação vai se perpetuando geração após geração) que realmente Jesus não me interessava mais do que o Pac-Man.

Pois bem, na noite do dia em que eu assisti a Jesus Cristo Superstar – com minha mãe do lado me explicando a parte política e religiosa da história – a fantasia deu lugar ao homem, e o homem (novamente) se fez mito. Comparado a ele o tão falado filme de Mel Gibson é um folhetim, não no sentido cinematográfico, muito menos na atuação, mas sim no diálogo (letra da música, na verdade), que toca direto no nervo exposto, sem rodeios, sem preocupação com continuidade ou explicações pra platéia. E a história de Jesus contada do ponto de vista de Judas, e por isso a visão do HOMEM Jesus prevalece, e as manobras políticas em torno dele são escancaradas, tanto do lado dos sacerdotes, como dos judeus e dos romanos (embora a figura de Pilatos tenha sido muito atenuada). Tim Rice, o escritor das letras, entendeu e soube explicar mais o Novo Testamento e a dinâmica entre apóstolos / Jesus / Roma e Judéia do que a imensa maioria dos filmes bíblicos.

Vemos logo no início um grupo de atores chegando juntos num ônibus e se preparando pra encenar a história. Judas, que é representado por um ator negro, se separa do grupo logo no início, com um ar desconfiado. É perfeito, pois Judas fazia parte dos apóstolos de Jesus, mas estava bem longe de compartilhar 100% das idéias deles. Isso porque o grupo de Jesus era visto pelos líderes romanos e pelo povo judeu como um grupo de revolucionários, de insurgentes contra o regime tirânico de Roma. Mas, na realidade, eles não eram tão perigosos assim para os romanos… a não ser por dois apóstolos: Judas e Pedro.

SENTA, QUE LÁ VEM A HISTÓRIA…

Em 63 a.C., o General romano Pompeu subjugou os judeus a Roma, tirando destes o pouco de autonomia da qual gozavam sob o domínio dos Macabeus. O povo de Israel se achava especialmente humilhado e revoltado. Toda semana aparecia algum “profeta” pregando a vinda de um Messias que acabaria com essa situação e libertaria o povo hebreu (na porrada). A situação se agravou quando, no ano 6 d.C., Arquelau, filho de Herodes, foi deposto e a Palestina deixou de ser Estado vassalo de Roma para tornar-se província romana. Esta ficava sob a administração de um Prefeito romano e um Governador biônico judeu que sujeitava o povo ao pagamento de uma taxa pessoal, o tributum capitis.

Nessa época, o judaísmo era representado por seis facções importantes: os fariseus, os saduceus, os essênios, os herodianos, os zelotes e os sicários.

JESUS E OS TERRORISTAS

jesus cristo superstar2

Graças a Lázaro Freire, da lista Voadores, descobri que o “Iscariotes” do Judas pode não ser um sobrenome e sim uma denominação, uma alusão a ele ser sicário, como Pedro também era. Aliás, “Pedro” também não é nome de apóstolo judeu; é sim uma palavra grega que significa “PEDRA“. Provavelmente um apelido (ou nome iniciático) para Simão, o mais “grosso” da turma (foi ele quem puxou a espada e cortou a orelha de um soldado romano para defender Jesus, no Getsêmane). Lázaro vai mais além em suas idéias, mas por enquanto é suficiente saber que Jesus tem dois “combatentes” (hoje os chamariam de “terroristas”) como apóstolos.

JUDAS

Judas é o mais pragmático da turma. Não é por acaso que ele é o homem que cuida do dinheiro! Sua visão é prática, mas ele não é mau! De forma alguma! Ele era um dos discípulos de Jesus, foi ESCOLHIDO por ele! Judas é apenas limitado. Quando Maria Madalena “gasta” um caríssimo vidro de óleo perfumado nos cabelos de Jesus, Judas só vê um dinheiro que poderia ir aos pobres sendo desperdiçado, e não a figura atormentada do seu Mestre amado em um momento delicado de sua vida. Judas era provavelmente recriminado pelos outros discípulos por suas posições radicais, e não é por acaso que no filme ele é negro (uma alusão à segregação, a uma cultura de vida diferente) e veste vermelho (cor do sangue, raiva, violência, radicalismo, comunismo). Cada personagem no filme assume um estereótipo de um grupo nos anos 60,70 pra mostrar que as coisas não mudaram tanto assim, então não seria forçado imaginar aquele Judas do musical como um integrante dos Panteras Negras ou do comunismo: Para ele não importam as pessoas como indivíduos, suas preocupações, seus sofrimentos, mais sim o movimento de libertação judeu, o “povo” (sempre de forma abstrata), o coletivo; a luta pelas armas visando apenas o resultado, encarando a vida como um jogo de xadrez onde é visto como inteligente sacrificar “peças” importantes (como Jesus) em busca da vitória…

Judas é o cara que vê tudo de errado que pode acontecer, vê a pobreza, o “desperdício” do unguento, vê os tanques e aviões de guerra que assolarão aquele lugar no futuro, mas não vê o lado bom do que Jesus pôs em movimento ali, ao lado dele.

Fora Judas, o resto dos apóstolos são retratados como um bando de hippies, ou seja, os que queriam participar de uma revolução social, mas só no “oba-oba”. Totalmente dependentes de Jesus pra tudo, mas que que não entendiam realmente o que Jesus queria. Caifás e sua turma estão na sua veste tradicional (mas estilizada) mas acabam lembrando muito os Aiatolás Iranianos (provavelmente uma coincidência, já que a guerra Irã x Iraque só estourou 7 anos depois), enquanto os soldados romanos são facilmente reconhecidos como os militares dos EUA.

jesus cristo superstar3

No final do filme, Judas faz perguntas duras a Jesus:
Por que você escolheu uma época tão atrasada, e uma terra tão estranha?
Por que você deixou as coisas que você fez fugir tanto de controle?

Confesso que também me fazia as mesmas perguntas, até que eu procurei fazer um exercício de imaginação, em um conto que descrevia como seria Jesus retornando nos dias de hoje… e o resultado foi tão catastrófico (e previsível) quanto há 2.000 anos.

Um problema que tive assistindo a este filme pela internet é que as legendas não fazem jus à maravilhosa letra das músicas. Para que outros possam apreciar todas as nuances da mensagem que Tim Rice quis passar eu mesmo retraduzi o filme e disponibilizei a legenda aqui, para a versão Jesus.Christ.Superstar.1973.1080p.BluRay.x264-[YTS.AM].mp4.

A história de Jesus Cristo Superstar

Referência:
Wikipedia – Jesus Cristo Superstar;
Folha – Jesus, um Revolucionário político?

5 1 vote
Avaliação
Subscribe
Notify of
26 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários
Anônimo
Anônimo
17 novembro de 2006 6:48 pm

Olá… Jesus foi um essênio, não foi ??? Estou lendo o livro, Efeito Isáias, que “fala” sobre essênios , fisica quantica e etc.
Abraços
PS: Alias, sugiro um post sobre este assunto; Que nós criamos nosso futuro no presente.

Fiat Lux
Fiat Lux
18 novembro de 2006 7:59 am

Estava lendo um livro do Richard Simonetti e achei interessante qdo ele mencionou que Judas não cometeu a traiçao por dinheiro, como sempre nos foi colocado.

Segundo ele, sua intenção era a de promover, com a prisão de Jesus, uma reação popular, iniciando uma revolução que levasse à ascensão do Cristianismo. Na verdade Judas tb não entendia a mensagem cristã, mas sua intenção não foi egoísta, no sentido que todos pensavam.

Luiza
Luiza
18 novembro de 2006 10:42 am

e se Judas for na verdade o ser sublime, q aceitou ser visto como o eterno Traidor, para que se cumprisse o papel de Jesus

Gwenyfar
Gwenyfar
18 novembro de 2006 10:57 am

Sobre Judas: o escândalo há de vir, mas ai de quem faça o escândalo…algo assim foi dito na Bíblia, não? Então como Judas seria um ser sublime? Não importa se Deus sabia o que ele faria, mas sim que ele fez o escândalo e é sim um traidor. Se não fosse ele, poderia ter sido outro. Os romanos poderiam ter pego Jesus de outra forma, não necessariamente através de Judas.

Luciana
Luciana
20 novembro de 2006 2:13 pm

olha! estava pensando em jesus cristo superstar esta semana! transmissão de pensamentos !! ( e tentando explicar para o meu esposo chéri, ateu de carteira, mas que tem uma cabeça aberta pra escutar) Eu já disse muita coisa pra ele, inclusive q Jesus não é nada disso q a igreja diz

Abraços

Lex
Lex
24 novembro de 2006 7:28 am

Já que alguns já assistiram me digam…

Tem passagem mais linda que a de Jesus e Maria Madalena???

Acho que a musica “I Don’t Know How to Love Him” é maravilhosa…

Metarumano Birdman
Metarumano Birdman
4 dezembro de 2006 8:18 pm

Muito bom o filme e olha que eu não gosto de musicais…hehehe

Na minha opinião a melhor música é a primeira.. a do Judas..
Esse filme foi essencialmente um filme sobre Judas…

A visão de Judas, uma espécie de evangélio imaginado dele…heheh

brenda de aguiar
brenda de aguiar
26 abril de 2007 5:05 pm

me desculpem talves por discordar mas axo que vcs deviam ter mais respeio por Jesus…..porque ele numca foi um mito ou talves uma fantasia….
ele é o messias e se hoje estou aqui mandando essa mensagem é porque a misericordia dele na minha vida foi algo tremendo……como é ainda hoje…..se alguem quiser saber tudo o que aconteceu para eu estar dizendo isso pode se quiser me add no msn (brenda_de_aguiar@hotmail.com) e eu vou contar o que ele fez por mim a 12 anos atrás…..
graça e paz

indeterminista
indeterminista
8 setembro de 2007 10:51 pm

O cristo descrito nos evangelhos é apenas um amálgama da vida de muitos homens, acrescido dos fantasticos poderes sobrenaturais. O objetivo do personagem era somente tentar afastar os judeus do judaismo. Principalmente os fariseus, pois em todo shabat é lido a Torah, impedindo a helenização da região. As revoltas históricas são prova disto. Se Flavio Josefo tivesse ouvido falar dele, não teria escrito um parágrafo, e sim um livro, e teria aumentado os milagres. O personagem tem a visão do escritor, apesar de divino não distingue doentes e endemoniados.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
9 setembro de 2007 12:46 am

De onde mesmo vc tirou essa teoria??

indeterminista
indeterminista
24 setembro de 2007 10:35 pm

Exatamente qual teoria? Sobre de se ter sido usada a vida de varios homens? Sua genealogia é contraditoria, a cidade em que teria vivido é incerta, suas palavras são contraditórias. Uma hora é um zelota que anda com barjonas, depois manda pagar o imposto e até mesmo paga e confraterniza com os cobradores. Suas falas sobre Jerusalem são as de Jesus filho de Ananias, sua crucificação é inspirada na de João filho de Judas, a data é inspirada no enforcamento de Jesus filho de Pandera, e alguns de seus atos também. Todo escritor usa bases verídicas para escrever um romance,… Read more »

Cris
Cris
18 novembro de 2006 3:03 am

Acid… De início…seu site é sempre uma boa cia em noites de insônia. Muito interessante sua visão sobre este filme..Eu assisti uma vez, mas era bem novinha…achei o filme muito velho e esquisito.Vou rever agora. Ah, eu gostei do filme do Mel Gibson. Já li muita coisa sobre a origem de Jesus, alguns afirmam que era essênio, outros que era oriental,etc, etc.Não acredito que algum dia se chegue a uma conclusão…a não ser que alguëm ache alguma prova incontestável…como um documento…Mas documentos milenares nunca serão incontestáveis, então acho que o mistério vai continuar. O que importa é que ele existiu..e… Read more »

LDB
LDB
18 novembro de 2006 12:45 pm

Talvez ,Judas,não cuidasse do dinheiro ou riquezas materiais do grupo e sim das riquezas espirituais de Jesus….

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
17 novembro de 2006 7:01 pm

Não temos como dizer se ele foi ou não foi. Muito da filosofia dele tem a ver com os essênios, mas também tem muitos elementos budistas e nem por isso insinua-se que Jesus seria budista. Acho sim que ele era uma grande mente que procurou absorver o que os homens encaravam como sagrado, fez um amálgama e repassou da melhor maneira possível, sem dogmas ou segredos pra “iniciados”.

BoB ©
BoB ©
17 novembro de 2006 7:07 pm

Alguns historiadores identificam os zelotes como um grupo nacionalista, que defendia o não pagamento dos tributos a Roma e, inclusive, praticavam atos ‘terroristas’ contra os contribuintes que pagavam o tributo. Esta ‘filosofia’ foi instituída por Judas (não o Iscariotes) e tanto os zelotes como Jesus defendiam o fim dos pagamentos dos tributos. Também a condenação Jesus foi exatamente nos mesmos moldes da condenação dos zelotes: crime de sedição, tumulto, agitação política, sonegação de impostos.

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
17 novembro de 2006 7:15 pm

Jesus não defendia o não-pagamentos dos tributos, não… “Dai a César o que é de César”, lembra?
E mais uma prova de que a missão dele transcendia a política dos zelotes foi que ele pegou um coletor de impostos (simplesmente a pessoa mais odiada entre os judeus) e tomou como apóstolo.

BoB ©
BoB ©
17 novembro de 2006 7:37 pm

O que pretendo colocar, para criar um quadro mais ‘realista’ do contexto na época, são as motivações POLÍTICAS que certamente deveriam estar por trás da condenação de Jesus. Nesta perspectiva, a análise do historiador Maurice Goguel fornece um cenário bastante plausível sobre a questão, quando questiona por que Jesus foi julgado segundo as leis romanas e não segundo as leis judaicas. Logicamente porque cometeu um crime previsto nas leis romanas e, portanto, um crime político. A Judéia estava sob controle romano. Quando o crime era de natureza religiosa, a competência para o julgamento era das autoridades judaicas. Se o crime… Read more »

BoB ©
BoB ©
17 novembro de 2006 8:18 pm

Quanto a frase dita por Jesus: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, não imagino resposta mais ‘genial’ que esta dada a situação. Se Jesus tivesse dito de forma objetiva “Paguem os tributos à César”, certamente resultaria em uma revolta por parte de seus seguidores que o veriam como um ‘propagandista’ de César. Se, ao contrário, tivesse dito para NÃO pagarem os tributos, cairia ele na ‘armadilha’ que lhe estava sendo preparada, evidenciando assim, de forma imediata, um ato criminoso contra Roma. “Dai a César o que é de César” –… Read more »

Saindo da Matrix
Saindo da Matrix
17 novembro de 2006 8:37 pm

Sim, sim! Jesus é genial! Ele provavelmente sentia desprezo pelo poder de Roma, como qualquer outro judeu, mas não a ponto de odiá-los, e aí é que Jesus conseguiu se manter no fio da navalha, tendo conseguido amigos no sinédrio, entre os romanos, no povão e nos zelotes.
As acusações conta ele são infundadas, e todos sabiam disso, mas o fato é que a morte dele interessava tanto a romanos quanto aos sacerdotes.

jose
jose
17 novembro de 2006 8:42 pm

eu acho q o q ele quis dizer nessa frase é algo mais ou menos como: se eh dinheiro, para alimentar sua ganancia dê à ele o que ele quer, cada um sabe o que faz e logo tera o que merece… e vamos continuar o nosso trabalho evolucionista, afinal temos mais q nos preocupar do que dinheiro

BoB ©
BoB ©
17 novembro de 2006 8:52 pm

Exatamente! Para os romanos evidenciava-se a presença de um líder político e para os sacerdotes, o de um líder religioso. Para ambos, o aspecto que lhes ameaçava era único – O PODER!

Belmonte
Belmonte
17 novembro de 2006 9:44 pm

O que interessava a Jesus era so a mudança de mentalidade daquele povo, tal qual com Moises no deserto.Deus deu tudo para eles desde agua, sombra, maná o escambau…A unica coisa que eles tinha que fazer era mudar a mentalidade de escravos terrenos. Enquanto não mudaram não herdariam a terra prometida. Assim também foi com Jesus e até hoje continuamos com a nossa mentalidade terraquea, tacanha e mediocre.

BoB ©
BoB ©
17 novembro de 2006 10:43 pm

(sobre o primeiro post) Quanto ao ‘grupo espiritual’ ao qual Jesus teria pertencido, acredito que a versão mais plausível, seja aquela referente à SEITA DOS NAZARENOS (uma comunidade judaico-gnóstica do século I que, mais tarde, seria vista como CRISTÃOS GNÓSTICOS).O Movimento era visto pela comunidade judaica no 1° século como um ramo do Judaísmo, sendo denominado como “Seita dos nazarenos” (Atos 24:5;9:2), e seus adeptos como “os seguidores do Caminho” – (Atos 22:4; 24:14; 18.26). Jesus era chamado de Nazarí, que em aramaico teria o significado de ‘observador’ ou aquele que é ‘separado’; no entanto vemos antes, por ben Yehoshua,… Read more »

sham
sham
17 novembro de 2006 11:51 pm

sou fã desse filme e sua trilha sonora… combina o mito de jesus com o clima paz e amor dos hippies… na minha opinião, bem mais relevante do que aquele lixo que o mel gibson fez.

afinal, o q importa mais? os ensinamentos ou o sofrimento de jesus?

Posts Relacionados

Comece a digitar sua pesquisa acima e pressione Enter para pesquisar. Pressione ESC para cancelar.